Os autores da novela Babilônia parecem ter decidido responder ao boicote feito por evangélicos e inseriram na trama críticas indiretas aos fiéis de pensamento conservador.
O personagem do ator Marcos Palmeira, Aderbal Pimenta, prefeito de uma cidade fictícia e político corrupto, é protagonista de diversas contradições com relação à sua declaração de fé e vida na prática.
Descritos como cristãos, Aderbal e seus familiares são contra a homossexualidade, tem antipatia por ateus e demonstram intolerância contra quem não pensa como eles. Na trama, Aderbal já contratou uma garota de programa, engravidou sua empregada doméstica e a obrigou abortar, mentiu para a mãe e a esposa, além de planejar uma obra superfaturada.
Babilônia tem sido a novela das 21h00 de menor audiência da Globo até o momento, e os autores Ricardo Linhares, Gilberto Braga e João Ximenes Braga tem exposto tais personagens de maneira a despertarem revolta no público.
Em um episódio recente, a cena em que o personagem ateu apresenta suas mães (casal de lésbicas) à sua namorada (filha do religioso e corrupto prefeito Aderbal), a jovem faz críticas à união homossexual, dizendo que aquilo era “imoral” e “pecado”, e rapaz responde dizendo que “ela não tem direito de dizer o que é certo e errado”.
A maneira como o diálogo foi escrito expôs claramente como o pensamento religioso é desprezado pelos autores da novela, pois a personagem da jovem cristã foi tratada como alguém intolerante, hipócrita e de opinião tacanha.
Em outro capítulo, uma das lésbicas da novela, interpretada por Fernanda Montenegro, fez a defesa do casamento gay numa entrevista, enquanto a família de Aderbal assistia e criticava, chamando-a de “mulher macho”.
A parcialidade está no fato de que os autores reduzem a personagens caricatos a grande maioria da sociedade brasileira que tem pensamento conservador. A tentativa de emplacar a ideia de que ser conservador é ser intolerante e semelhante ao corrupto Aderbal ou à sua família hipócrita soa desonesto intelectualmente.
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