A confusão com a tentativa de traçar o perfil de Wellington Menezes de Oliveira (foto) continua. O jovem de 24 anos fez 60 disparos com duas armas em um colégio público em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, assassinando 12 alunos (dez meninas e dois meninos), deixou outras 10 crianças em internadas (três em estado grave) e se suicidou com um tiro na cabeça após ser baleado na perna por um policial militar.
Parentes e vizinhos afirmam que o assassino era uma pessoa calma: “Parecia um cara legal, vivia no mundo dele. Nunca vi bebendo nem fumando, não mexia com ninguém”, afirmou Fábio, vizinho do Wellington. Segundo parentes o jovem se trancava o tempo todo em casa, passava as madrugadas na internet e não tinha amigos.
IslamísmoO jovem Wellington invadiu a escola trajando uma roupa com referência islâmica, após sua morte foi encontrado em sua mochila uma carta de suicídio com instruções sobre o que as pessoas que encontrarem seu corpo deveriam fazer. Na carta fala-se em repúdio as pessoas não castas e ordem de um funeral semelhante ao realizado por suicidas radicais islâmicos. O porta-voz da Polícia Militar, Tenente Coronel Ibis Pereira, e o Comandante da 14º BPM, Coronel Djalma Beltrame, consideraram que o primeiro trecho da carta possui teor fundamentalista islâmico, em seguida a irmã de Wellington, Rosilane, confirmou a Band News a ligação do jovem com a religião: “Ele falava desse negócio de muçulmano”.
O intrigante neste primeiro trecho é que o jovem também fala em perdão de Deus e volta de Jesus, crenças que não são ligadas ao Islamismo. Wellington frequentou a Igreja Testemunha de Jeová até sua mãe morrer, em 2010, a partir de então abandonou a denominação e se fechou ainda mais. Segundo estudos sobre o Islamismo, Jesus é um dos cinco grandes profetas e voltaria a vida na terra, assim como todos os mortos, para o julgamento final feito por Deus (Alá). Segundo o médico Rui Fernando Cruz Sampaio, especialista em psiquiatria forense, a simples confusão da carta já demonstra indícios de delírios fortes.
Com o andar das investigações familiares, amigos e pessoas que conviviam com Wellington revelam uma transformação na vida do jovem após a morte da mãe: “Ele passou a andar de preto, veio com essa história de religião, deixou a barba crescer”, afirmou o vizinho do assassino. Já segundo outro amigo que não quis se identificar, o assassino afirmava que teria começado a frequentar uma “religião secreta”. Seu primo afirma que na época das Eleições, Wellington já estava com uma longa barba, chegando na altura do peito.
Em recente depoimento a polícia, o sobrinho do assassino revelou que após estudar sobre os atentados de 11 de Setembro, Wellington afirmava que faria o mesmo com o Cristo Redentor.
A Federação das Associações Muçulmanas do Brasil afirmou que o assassino não frequentava mesquitas muçulmana no Rio de Janeiro.
Cristianismo e a GloboNa manchete que ficou poucos minutos no ar na primeira página do portal G1 no fim desta sexta, a Globo afirma explicar o conteúdo religioso da carta. Apesar da matéria começar afirmando que “os especialistas preferem não fazer relações entre o que foi escrito e referências encontradas na Bíblia e em doutrinas religiosas”, o texto em seguida diz que a carta possui relação ao Judaísmo e ao Cristianismo.
Os especialistas ouvidos foram o teologo católico Leonardo Boff e o Professor Eulálio Figueira, coordenador do curso de especialização em Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica.
Para Boff o assassino era maniqueísta, ou seja, cria em uma filosofia religiosa básica que divide o mundo entre bem ou mal. Segundo o Teólogo o jovem “justapõe muitos elementos das religiões que estão no mercado. É um brasileiro sincrético. (…) E dentro do cristianismo, há grupos maniqueístas”, afirma o teólogo que completa: “Ele só quer a pureza absoluta. É claro que ele se filia a essa corrente que é antiquíssima. Santo Agostinho foi durante muito tempo maniqueísta”. Já Eulácio afirma que a carta é “resultado de um imaginário coletivo religioso”.
Em seguida a matéria deixa um pouco de lado os especialistas católicos e fala sobre o pedido de sepultamento do jovem, o texto afirma que a descrição do funeral lembraria as orientações de funerais judaicos e que o Novo Testamento relata Jesus sendo sepultado em um lençol branco, assim como pediu o jovem, porém, a matéria não fala que no judaísmo é proibido orar pelos mortos, como o jovem pediu. O funeral da crença Islâmica e a Judaica são parecidos, mas além da proibição da oração pelos mortos, os muçulmanos pedem para que após sua morte, no momento da preparação para o sepultamento, se um “impuro” for tocar em seu corpo que use luvas, outro pedido de Wellington na carta.
Outro fato tido como estranho foi a forma de publicação da entrevista dada ao vivo para a BandNews pela irmã do assassino. Nas matérias do G1 todo o contexto é retirado e apenas uma frase é publicada: “Ele falava desse negócio de religião”, sendo que frase a original amplamente divulgada pela Band e diversos portais de notícias brasileiros é “Ele falava desse negócio de muçulmano”.
Carta SuicídaO jornal O Dia comparou a carta suicida de Welligton com outras de outros suicidas mortos em atentados islâmicos radicais e percebeu alta semelhança entre as cartas, principalmente com a divulgada do terrorista Mohammed Atta que morreu nos atentados de 11 de setembro.
Nas cartas é possível ver referências a Deus, repúdio a “impuros”, listas de pedidos após sua morte e distribuição de suas posses por quem precisa. Inclusive a especificação de funeral são praticamente as mesmas: ambos pediram uma pessoa da mesma crença para sepulta-lo, oração para que suba aos céus e luvas para quem tocar em partes “impuras”. A íntegra da carta é facilmente encontrada na internet.
Desde de o acontecimento são encontrados vários indícios de conteúdos religiosos no caso, mas a confirmação que se tem é que Wellington sofria problemas mentais, tinha histórico de esquizofrenia na família e era sociopata.
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