Alguns líderes vietnamitas ficaram desapontados quando o Departamento de Estado dos Estados Unidos retirou o Vietnã da lista dos piores violadores da liberdade religiosa em 2006.
Em 13 de novembro, o Departamento de Estado recusou-se a colocar novamente o Vietnã na lista de Países de Preocupação Específica, depois de deixá-lo na lista por dois anos. Conforme o departamento, o regime comunista tem procurado aprovar novas leis religiosas que proíbem renunciar à fé, que abrem igrejas que já foram fechadas, e que explicam melhor como as igrejas podem se registrar.
Enquanto os diplomatas norte-americanos afirmavam que as centenas de igreja vietnamitas reabertas operavam livremente e eram registradas, pastores no país viam o progresso como, na melhor das hipóteses, um passo modesto. O embaixador norte-americano para Liberdade Religiosa Internacional, John Hanford, visitou o Vietnã em setembro. Dois líderes cristãos disseram-se surpresos por John ter afirmado mais tarde que havia no país "um enorme progresso" na liberdade religiosa.
O maior ponto de discórdia foi o número de congregações vietnamitas que haviam sido registradas. Da Igreja Evangélica do Vietnã (no norte), oficialmente reconhecida, apenas 32 de suas 1.214 congregações ganharam o registro, ou seja, 2,5%. Já a Igreja Evangélica do Vietnã (no sul) teve 475 de suas 1.600 congregações registradas, ou seja, 29%. Em conjunto, a denominação teve 18% das congregações registradas. Contatos do Compass estimam que apenas 240 igrejas das 1.500 de outras denominações tenham sido registradas, um total de 16%. No geral, cerca de 750 das 4.350 congregações, ou 17%, foram registradas até o fim do ano passado.
Interferências via registro
Mas nem sempre o registro local (que geralmente tem um ano de validade) é suficiente para que as igrejas operem "livremente". Alguns pastores vietnamitas dizem que o registro é apenas para o governo ter o nome dos membros da igreja. Quando 18 de 534 igrejas da etnia hmong souberam em setembro que haviam ganhado o registro, suas igrejas sofreram numerosas ameaças e invasões das autoridades locais.
A polícia e os governantes que há muito perseguiam os hmongs, por exemplo, freqüentam alguns de seus cultos como observadores. Em algumas igrejas, o governo proibiu que jovens com menos de 14 anos participassem das reuniões. Em outras igrejas, as autoridades não aceitam os líderes e forçam a congregação a escolher outros, sob a sua supervisão. As autoridades também checavam quem freqüentava os cultos e expulsavam os visitantes e convidados que não tinham seus nomes na lista de membros. Também tentaram acabar com o movimento de respeitados líderes e professores cristãos, e chegaram até a ditar como os cultos deveriam ser.
Curiosamente, as autoridades escolheram registrar apenas as 18 menores congregações da etnia hmong, cujos líderes não são considerados fortes. Um total de 534 havia pedido o registro. Pastores de igrejas hmongs mais fortes disseram que eles não irão se registrar se houver "benefícios" em troca.
Em outra localidade, cerca de 50 organizações domésticas tentaram registrar suas atividades de acordo com as novas leis religiosas. Mas, os líderes disseram que algumas perguntas do formulário de registro são de caráter bastante pessoal, desnecessárias e incompatíveis com liberdade religiosa.
Líderes de igrejas domésticas se recusaram a cumprir todo procedimento necessário para receber o registro. Em determinado momento, eles deveriam assinar um termo atestando sua obediência aos decretos do governo local. Mas, esses decretos não foram especificados em lugar nenhum. Em algumas partes do país, as autoridades locais perseguem e oprimem cristãos por puro capricho, a despeito das leis que exigem o contrário. Essas igrejas domésticas, sem registro, representam mais de 200 mil cristãos que continuam a ser ilegais.
Certo líder cristão disse ter obtido um documento que salientava as tentativas da direção do país em conseguir reunir informações sobre grupos cristãos - a fim de decidir quais deles poderiam ser registrados. Esse cristão disse que, de acordo com a nova diretriz, o cristão que, para o governo, não tiver "necessidade genuína de seguir uma religião", será mobilizado e persuadido a "voltar aos seus credos e práticas tradicionais".
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