O aumento do fundamentalismo religioso e a crescente politização do Islã tem conduzido a confrontos entre cristãos e muçulmanos, explica o Vigário-Geral da Diocese de Enugu. Mas para D. Obiora Francis, uma guerra de religiões não conduz a lugar nenhum. A Nigéria sempre esteve à beira do abismo, mas nunca caiu nele, afirmou D. Obiora Francis em entrevista recente à Ajuda à Igreja que Sofre. Apesar de apontar o dedo à perseguição aos cristãos nigerianos nos estados islâmicos no norte do país, o prelado tem esperança na liberdade religiosa e no diálogo inter-religioso: uma guerra de religiões não conduz a lugar nenhum.
Devemos fazer um acordo para terminar com os conflitos. Os cristãos e os muçulmanos vivem juntos desde há muito na Nigéria, explicou o prelado nigeriano recordando como em 1985 um regime militar transformou a Nigéria num Estado islâmico. Mais tarde, 12 estados no norte do país decidiram introduzir a sharia, ou lei islâmica, apesar de constitucionalmente a Nigéria ser um Estado secular. A islamização foi apoiada por nações estrangeiras, nomeadamente pela Arábia Saudita, acrescenta D. Obiora Francis, que denuncia que, nos últimos anos, o crescimento do funda
Em alguns dos estados onde vigora a sharia os cristãos têm sido alvo de perseguições. No final do ano passado, a organização não governamental Human Rights Watch divulgou um relatório sobre as violações aos direitos humanos no norte da Nigéria. Nesse documento era referido que os tribunais da região foram responsáveis por várias decisões repressivas e discriminatórias. Desde o ano 2000 foram condenadas dezenas de pessoas à pena de morte e a severos castigos físicos.
Se os tribunais islâmicos respeitassem os direitos consagrados na constituição da Nigéria, muitas destas sentenças judiciais nunca teriam sido tomadas, criticou Peter Takirambudde, diretor da secção africana da organização. Segundo a Human Rights Watch, muitos muçulmanos que apoiaram a introdução da lei islâmica estão atualmente desiludidos com a forma como esta foi implementada, afirmando que a lei em vigor não é uma sharia real, mas antes uma versão política da lei islâmica.
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