Fundamentalistas muçulmanos da cidade de Ilorin, na Nigéria, ameaçam desmanchar uma cruzada evangelística cristã, planejada pelo famoso pregador alemão Rev. Reinhard Bonnke. No dia 14 de agosto, manifestantes tomaram as ruas da cidade, jurando não permitir que a cruzada se estabeleça.

Se não fosse pela intervenção da polícia, que dispersou os protestantes muçulmanos, o protesto poderia ter terminado em violência religiosa, estabelecendo muçulmanos contra cristãos. A cidade de Ilorin, no estado central de Kwara, é conhecida como um dos grandes pontos do fundamentalismo islâmico na Nigéria.

A polícia foi ao encontro dos manifestantes muçulmanos enquanto estes se aproximavam da Casa do Governo, para expressarem ao governador de Kwara sua oposição à cruzada, marcada para os dias 18 a 22 de agosto, em Budo-Efo, Ganmo, uma área governamental de Irepodun.
O batalhão de enfrentamento da polícia atirou gás lacrimogêneo para dispersar os muçulmanos na Avenida Wahab Folawiyo e parou o protesto. Militantes muçulmanos reuniram-se mais tarde e dirigiram-se ao palácio do emir de Ilorin, Alhaji Ibrahim Sulu Gambari, obrigando a polícia a dispersá-los uma segunda vez.
O emir é o monarca muçulmano da cidade e o líder espiritual de todos os muçulmanos do estado de Kwara.
Reinhard está visitando Kwara pela segunda vez em quatorze anos para preparar uma cruzada. Os líderes cristãos da cidade de Ilorin receberam Reinhard, dia 17 de agosto, sob máxima segurança. Quando ele chegou, fez uma chamada para Dr. Bukola Saraki, o governador muçulmano do estado.

Um pouco depois da visita, Reinhard disse aos jornalistas: "Quero dizer a todos que somos pessoas de paz, que pregamos sobre o amor de Deus, que somos contra disputa religiosa e animosidade. Nós acreditamos em tolerância também."

Ele também disse que depois de seus quarenta anos como ministro evangelístico na África, a Nigéria "tem um lugar especial no meu coração porque eu nunca vi bênçãos mágicas em qualquer país como eu vejo aqui, em sua bela República Federativa da Nigéria".

Em uma tentativa de conter tensões religiosas, oficiais de Kwara convidaram líderes muçulmanos para conversar, pedindo-lhes que refreassem atividades hostis pela harmonia religiosa no estado.

Alhaji Salman Adelodun Ibrahim, secretário do governo de Kwara e Dr. Mohammed Ali Olukade, presidente da assembléia islâmica, emitiram um enunciado, ao fim da reunião, comprometendo-se a fazer qualquer esforço a fim de manter a harmonia religiosa.

O imã chefe de Ilorin, Alhaji Muhammed Bashir, atual presidente do Conselho Muçulmano do estado, condenou os protestos muçulmanos contra a cruzada cristã, dizendo que não havia razão para tanto.
Um enunciado do Conselho Muçulmano afirmou: "O motivo e objetivo deles (do grupo de protesto muçulmano) são antiislâmicos e insustentáveis".

Apesar da promessa dos líderes muçulmanos de Ilorin, as autoridades legislativas realmente tomaram a ameaça dos fundamentalistas muçulmanos como dada. Oficiais desdobraram as equipes de segurança, que incluíam detetives da polícia e oficiais do serviço de segurança do estado, para a área da cruzada.

 "Qualquer um que estiver interessado em participar da cruzada está livre para ir. Providenciamos segurança suficiente," Marcus Gideon do comando policial de Kwara disse a Compass.
Por mais de uma década, cristãos em Kwara enfrentaram tempos difíceis nas mãos dos sucessivos líderes políticos muçulmanos. A política do último governo chocou a liberdade religiosa dos cristãos.
Muçulmanos militantes destruíram igrejas no estado. Oficiais da educação introduziram forçadamente o islã como um programa de estudo em escolas cristãs, ordenando que tais escolas empreguem clérigos para dar aulas de islamismo.
Fontes na Nigéria dizem que políticas anticristãs encorajaram o aumento do fundamentalismo islâmico em Kwara.