O síndico de um prédio em Vila Isabel (zona norte do Rio) foi autuado por intolerância religiosa por supostamente jogar fora e denegrir uma imagem de Nossa Senhora da Guia. Segundo moradores do prédio, o síndico, que é evangélico, comparou a imagem a um poste. Ele nega e diz que vai processar os vizinhos.
O caso é inédito no Rio, segundo a comissão de Intolerância Religiosa da Polícia Civil do Rio, que investiga o suposto crime. A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) informou que acompanha as investigações.
Segundo registro da Polícia Civil, Marcus Valério da Fonseca, síndico do prédio 134 da rua Luis Barbosa, em Vila Isabel, retirou uma imagem de Nossa Senhora da Guia que estava no edifício desde 1997 para obras em novembro. Na semana passada, ao ser questionado sobre o destino da imagem, disse que não a recolocaria no prédio, de acordo com o relato dos moradores.
Segundo o técnico dos Correios Sérgio Vianna, um dos moradores que fizeram a queixa à polícia, Fonseca comparou a imagem a um poste. “Conversando com a minha mulher, ele [síndico] disse que a imagem [da santa] e um poste para ele era a mesma coisa, e repetiu isso em uma reunião. Tenho testemunhas”, disse.
O síndico afirmou que “em momento nenhum” comparou a santa a um poste e ainda que, quando a imagem foi retirada para as obras, estava viajando a trabalho. Ele contou ainda que se sente perseguido pelos moradores por não ser católico. “Eu nunca falei isso e também não tirei a santa, quem fez isso foi uma pessoa que inclusive é católica, para fazer obras. Mas [a imagem] não foi tirada a revelia”.
Marcus Valério da Fonseca disse que entrar na Justiça com uma queixa-crime contra vizinhos por calúnia e danos morais. “Quem se sente agredido sou eu”.
Em depoimento à 20ª Delegacia de Polícia (Vila Isabel), os moradores afirmaram ainda que ele havia jogado fora a imagem. Na segunda-feira (8), porém, a estátua da santa foi encontrada embrulhada em jornal no apartamento do zelador do prédio. A imagem ainda não foi recolocada, segundo os moradores.
Se for provado que o síndico denegriu a imagem da santa, ele poderá pegar de um a três anos de prisão, segundo o delegado Henrique Pessoa, representante da Polícia Civil do Rio para casos de intolerância religiosa. Pessoa disse que este, se confirmado, este será o primeiro caso de intolerância religiosa entre evangélicos e católicos registrado pela Polícia Civil do Rio.
“O que já registramos são casos de intolerância de evangélicos pentecostais a religiões de matriz africana”, afirmou.
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