A decisão de Marco Feliciano (PSC-SP) por voltar a restringir o acesso às reuniões da Comissão de Direitos Humanos (CDHM) resultou em execução dos trabalhos e mais críticas ao pastor.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH), afirmou que o pastor incita “o ódio e a violência”, e insinuou que Feliciano deveria sofrer algum processo, “porque incitar a violência e o ódio é atitude ilegal, inconstitucional, e as autoridades também estão sujeitas à lei”, segundo informações do Diário de Pernambuco.
O deputado Silvio Costa (PTB-PE), que não pertence à CDHM, afirmou que após a eleição de Marco Feliciano para a presidência da comissão, o ambiente ganhou ares de “guerra santa”, devido aos embates entre ativistas gays e evangélicos: “Todo mundo tem o direito de ser evangélico, como todo mundo tem o direito de ser gay. Parece que nesta comissão tem um grupo de evangélicos, tem um grupo de gays e parece que tem até gente acumulando. Percebi hoje aqui que está estabelecida uma guerra santa”, declarou, de acordo com informações do G1.
Após a transferência dos trabalhos para uma sala com acesso permitido apenas para os jornalistas, assessores parlamentares e os próprios deputados, a CDHM votou requerimentos de assuntos diversos, de acordo com informações da Agência Câmara de Notícias.
Embora os trabalhos da CDHM tenham sido debatidos, houve bate-boca entre parlamentares, devido à postura adotada pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que pediu a leitura da ata da reunião anterior.
O deputado Henrique Afonso (PV-AC) disse que o pedido era uma manobra para atrasar os trabalhos da CDHM, e que os integrantes do PT e PSOL se portavam de maneira intolerante, enquanto Feliciano tentava dar continuidade à sessão.
Kokay respondeu à crítica com ataques a Marco Feliciano: “Intolerância é amaldiçoar todo um continente. Estimular a subalternização de um ser humano significa criar uma lógica de violência simbólica. No ano passado, 83 travestis foram assassinados com requintes de violência”, afirmou.
O deputado Roberto de Lucena (PV-SP) se manifestou tentando encerrar a discussão e possibilitar a execução dos trabalhos: “Faço apelo à deputada Erika Kokay, que é uma das deputadas mais competentes dessa Casa. Eu respeito a pessoa que é coerente e se dedica. O que aconteceu em relação à eleição está encerrada, ela foi legitima. Em nome da tolerância, se usa a intolerância como arma”, disse, referindo-se aos protestos da deputada contra a permanência de Feliciano no cargo.
Na saída, o pastor Marco Feliciano afirmou que embora a CDHM seja “vazia de projetos”, os trabalhos foram “de vento em popa” após a transferência da sessão para um plenário com acesso restrito.
“Hoje aprovamos audiências públicas e requerimentos. A Comissão de Direitos Humanos está indo de vento em poupa, graças a Deus. A confusão já era esperada, mas já tínhamos requerimento para que pudéssemos usar o regimento. A ordem foi garantida”, disse, completando que “a Comissão de Direitos Humanos precisa ter projeto de integridade na sociedade”.
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