A Igreja Universal do Reino de Deus é acusada de ter enviado para o exterior cerca de R$ 5 milhões por mês entre 1995 e 2001 em remessas supostamente ilegais feitas por doleiros da casa de câmbio Diskline, o que faria o total chegar a cerca de R$ 400 milhões. A revelação foi feita por Cristina Marini, sócia da Diskline, que depôs ao Ministério Público Estadual (MPE) e confirmou o que havia dito à Justiça Federal e à Promotoria da cidade de Nova York. O criminalista Antônio Pitombo, que defende a igreja e seus dirigentes, nega as acusações.
Cristina e seu sócio, Marcelo Birmarcker, aceitaram colaborar com as investigações nos dois países em troca de benefícios em caso de condenação, a chamada delação premiada. Cristina foi ouvida por três promotores paulistas. Ela já havia prestado o mesmo depoimento a 12 promotores de Nova York liderados por Adam Kaufmann, o mesmo que obteve a decretação da prisão do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), nos Estados Unidos – ele alega inocência.
Os doleiros resolveram colaborar depois que a Justiça norte-americana decidiu investigar a atividade deles nos EUA com base no pedido de cooperação internacional feito em novembro de 2009 por autoridades brasileiras. Em Nova York, eles são investigados por suspeita de fraude e de desvio de recursos da igreja em território norte-americano.
Ela afirmou aos promotores que começou a enviar dinheiro da Igreja Universal para o exterior em 1991. As operações teriam se intensificado entre 1995 e 2001, quando remetia em média R$ 5 milhões por mês, sempre pelo sistema do chamado dólar-cabo – o dono do montante entrega dinheiro vivo em reais, no Brasil, ao doleiro, que faz o depósito em dólares do valor correspondente em uma conta para o cliente no exterior. Cristina disse que recebia pessoalmente o dinheiro.
outro lado
O advogado Antônio Sérgio Altieri de Moraes Pitombo, que defende a Igreja Universal e seus dirigentes, diz que já esperava o surgimento de um “fato novo” por parte do Ministério Público Estadual. “Todas as vezes que são impetradas medidas judiciais contra a ilegalidade na investigação são criados fatos e manchetes para perturbar a neutralidade do julgamento”, assinalou o criminalista.
“Não é necessário ressaltar que a palavra de um delator deve ser tomada com muita reserva. A defesa vai adotar as medidas pertinentes para evidenciar a verdade, que muitas vezes não está ainda nos autos.” Procurado, o advogado dos doleiros, Alberto Tichauer, não foi localizado para falar sobre o depoimento de seus clientes.
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