Uma delegação norte-americana de direitos humanos da Igreja Metodista nas Filipinas pediu à presidente Gloria Macapagal-Arroyo para desempenhar uma papel mais agressivo a fim de deter o assassinato de clérigos, líderes leigos, jornalistas e trabalhadores de direitos humanos que atuam junto aos pobres.
Notando que os assassinatos aumentaram no ano passado em todo o país, o bispo John Hopkins, chefe da delegação, disse em uma conferência de imprensa em Manila: "Os homicídios devem acabar."
John disse que a delegação ouviu testemunhos de mais de 20 vítimas e de membros de famílias sobreviventes de muitas partes das Filipinas, que descreveram a dor e o sofrimento provenientes dos assassinatos que visaram trabalhadores comunitários e religiosos.
"Nosso pessoal não está armado", disse o bispo. Segundo ele, os trabalhadores apenas ensinam, providenciam cuidados médicos, conselhos e educação. "Imploramos às autoridades militares e do governo que reconheçam a importância do trabalho daqueles que desejam ministrar com os pobres e marginalizados. Que eles considerem essa atividade como sendo vital e importante para o país e seu povo".
Em audiências com as vítimas, a delegação ouviu que esse trabalho é quase sempre tido como "subversivo", e os indivíduos engajados na educação de direitos humanos são falsamente acusados de apoiar o terrorismo ou de serem filiados a grupos políticos, defendendo uma resistência violenta à administração de Gloria Arroyo.
Em uma longa visita com Scott Douglas Bellard, vice-presidente da missão na embaixada dos EUA, a delegação pediu a assistência das autoridades dos EUA, para pressionarem o governo filipino a perceber a diferença entre terroristas armados e trabalhadores comunitários e religiosos, que realizam sua atividade pacificamente. Scott é o oficial de mais alto escalão na embaixada.
De igual modo, a delegação se reuniu com Maria Isabel Gonzales-Tobias, secretária de assuntos religiosos no governo filipino, e com diversos membros de alto escalão das Forças Armadas das Filipinas.
Os membros da delegação pediram um fim na rotulação negativa dos ativistas de direitos humanos e dos trabalhadores religiosos. Oficiais militares negam que essas listas conhecidas como "ordem de combate" existam em nível nacional, mas concordam que os comandantes de tarefas locais possam identificar "causadores de problemas conhecidos".
Kristina Gonzalez, membro da delegação e do conselho coordenador da igreja, conhecido como Connectional Table, contou à conferência de imprensa que a segurança da nação está sendo "afetada inversamente por sua falta de comprometimento com os direitos humanos".
"Quanto mais o governo assegurar os direitos das pessoas, mais segura essa nação será", ela disse. "Do mesmo modo, quando os direitos humanos são violados, o país é menos seguro."
Jim Winkler, chefe executivo da Junta e do Conselho da União Metodista, relatou que as testemunhas e sobreviventes contaram à delegação de militares armados aparecendo nas vizinhanças e perguntando do paradeiro de clérigos e de outros trabalhadores. Essas pessoas desapareceram ou foram assassinadas.
Jim mencionou outras acusações públicas falsas contra indivíduos que começaram a receber notas com ameaças de morte, colocadas debaixo de suas portas, enviadas como mensagens de texto ou pelo telefone. Um padre falou de um bilhete de ameaça - acompanhado por balas - sendo colocado no prato de ofertas de sua igreja durante um culto de domingo.
Diversas famílias contam de homens armados, em motos, usando máscaras de esqui e capacetes, fazendo emboscadas para indivíduos e os matando. As motos não têm placas ou usam placas falsificadas, deixando-os inacessíveis.
O reverendo Larry Pickens, chefe executivo da Comissão de Unidade Cristã e de Assuntos inter-religiosos da União Metodista, e advogado, disse que até os que são acusados de crimes devem ter os direitos legais legítimos, incluindo o direito de encarar seus acusadores e de apresentar evidência em sua própria defesa.
O bispo Solito K. Toquero, da região de Manila, notou que a delegação dos líderes da União Metodista é o segundo grupo de igreja internacional a visitar o país e a expressar profundas preocupações relacionadas à deterioração dos direitos humanos, especialmente a morte de ativistas e trabalhadores de direitos humanos. Dizem que Solito está entre os ameaçados.
A delegação pediu a presidente Gloria Arroyo para iniciar uma investigação imediata e imparcial de todas as recentes execuções extrajudiciais; se comprometer a não impor uma lei marcial ou outras limitações na liberdade civil ou de direitos humanos; e revisar a estratégia militar do governo para resolver a insurgência a fim de garantir a segurança de não-combatentes e de evitar a destruição indiscriminada de propriedades.
Ela também pediu à presidente para cessar a prática feita pelo governo e exército de rotular aqueles que trabalham pela justiça e pelos pobres como subversivos ou comunistas; e conduzir reuniões com os três bispos da União Metodista nas Filipinas, incluindo os parceiros missionários em outras comunhões, para discutir o progresso nas investigações.
A delegação foi convidada às Filipinas pelos líderes da União Metodista do país.
Os membros da delegação expressaram solidariedade com a Igreja nas Filipinas e declararam suporte ao "corajoso ministério com os pobres e marginalizados".
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