Eu fui muito bem recebido pelos brasileiros e eles me mostraram um nível de hospitalidade que eu nunca vi”. Com este relato, Max Lucado mostrou-se jubiloso em voltar a pisar em solo brasileiro. Convidado como preletor do último dia da Semana Batista, o escritor e pastor norte-americano pregou durante os períodos da tarde e noite deste domingo, dia 19, falando sobre o tema de sua nova obra, ”Sem Medo de Viver”, e lembrando os dias felizes que teve quando morou no Brasil nos anos 90.
Com espontaneidade e um Português carregado por um sotaque norte-americano, Lucado confessou que no tempo em que passou no Brasil aprendeu expressões que não veria em outro lugar. A culinária diversificada, a hospitalidade, e palavras que o impressionaram pelo sentido que carregavam consigo foram alguns dos pontos que o pastor citou durante sua palestra como característicos da cultura brasileira, em sua opinião. Estas marcas ganharam um espaço especial no coração do autor e de sua família também, conforme ele mesmo afirmou. ”Nós amamos o Brasil, gostamos, apreciamos, admiramos o Brasil. Duas de nossas filhas nasceram aqui – são brasileiras – e também alguns de nossos amigos mais queridos vivem aqui. O Brasil tem muito a ensinar ao resto do mundo sobre hospitalidade, amor, saudades. O Brasil sabe muito sobre estes assuntos. Embora já tenham se passado 20 anos, o meu Português esteja enferrujado, e muita coisa tenha mudado como o Cruzeiro [moeda] hoje ser Real, o nosso amor pelo Brasil continua grande e nossas memórias, vivas. O Brasil nos ensinou muito, como por exemplo, algumas das minhas palavras favoritas: ‘feijoada’ e ‘churrascaria’. A verdade é que o Brasil oferece a melhor comida do mundo”, festejou o autor.
Lembrando do ensinamento mais forte que adquiriu durante o tempo que morou no Brasil, Pr. Max afirmou que aprendeu o forte significado de um termo, o qual tem usado em suas palestras em todo o mundo:”Garra”, citada pelo escritor como a atitude que o ser humano deve tomar diante dos problemas. ”Ter garra significa não desistir. Não parar por causa do medo. A pessoa com garra é corajosa. Precisamos muito de garra hoje, não é mesmo? (…) O medo nunca negociou um tratado de paz ou curou uma doença. O medo nunca tirou um país da pobreza ou uma família de seus problemas. O medo nunca salvou um casamento. O medo nunca salvou uma companhia da falência. Mas a coragem fez, a fé também fez, a esperança fez e a coragem. Precisamos de coragem, porque o medo nos leva a uma prisão e tranca as portas. Não seria ótimo sair dessa prisão? Você pode imaginar a sua vida sem o medo, por apenas um minuto? E se a fé, não o medo, fosse a sua reação a ameaças, só por um dia, sem pensar muito?”, questionou.
Medo da morte
Em entrevista coletiva dada à imprensa na noite do último domingo, Max Lucado respondeu perguntas a respeito de seu novo livro. Na obra, o escritor pontua inúmeros receios que podem trazer influências negativas à vida do homem. A morte é um dos medos colocados pelo autor como um dos maiores do ser humano, porém, respondendo a uma pergunta que falava a respeito da força que este temor exerce sobre os cristãos – mesmo que a Bíblia fale desta etapa como uma passagem -, Lucado reforçou que este é um fator presente na vida dos cristãos, apesar da fé. ”Nós sempre temos medo do desconhecido e, mesmo com fé, o cristão ainda não conhece exatamente o que vai acontecer quando morremos. Está sempre com um pouco de medo, mas o fato que temos segurança de que depois da morte a vida começa realmente”, lembrou.
Falando sobre a diferença entre o simples fato de sentir algo ruim, ainda que seja natural, e dar grande espaço a este sentimento, o escritor explicou que o medo faz parte do cotidiano do homem e que é inevitável senti-lo. Porém, a reação do ser humano diante de tal temor é que fará a diferença, segundo Lucado. ”O medo é saudável, quando ele nos dá um alerta do perigo. O problema é deixar o medo entrar em nossa vida e ficar. O medo sempre vai bater à porta, mas não deixe o medo entrar e almoçar e, pelo amor de Deus, não o deixe passar a noite”, esclareceu.
Auto-ajuda ou Ajuda do alto?
Quando questionado sobre a diferença de seus livros em relação às literaturas de auto-ajuda, Max Lucado achou interessante lembrar que todas as ações do homem devem estar na dependência de Deus e que sempre busca colocar essa idéia em todas as suas obras. ”O problema é que nós não podemos fazer o que queremos sem Cristo. Necessitamos do Espírito Santo, do presente de Deus, do perdão de Cristo. Eu realmente acho que não posso deixar a impressão que se tentarmos com mais força, sempre vamos conseguir o que queremos. Acho melhor tentar entender a força de Deus em vez da nossa”, salientou.
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