Managua- Uma gigantesca marcha que, segundo analistas, reuniu 40 mil manifestantes, em sua maioria jovens e mulheres, pediu um basta às perseguições políticas e às violações aos direitos humanos.
Manifestantes levavam bandeiras azuis e brancas, símbolo da luta da Rede de Mulheres e do Movimento Autônomo de Mulheres, que pedem a despenalização do aborto terapêutico.
Os movimentos argumentam que depois da entrada em vigor da penalização do aborto terapêutico, como previsto no Código Penal, morreram 80 mulheres que não puderam abortar.
No momento da marcha, ontem, o presidente da República, Daniel Ortega, encontrava-se em Quito, reunido com os presidentes Rafael Correa, do Equador, e Hugo Chávez, da Venezuela.
A manifestação concentrou-se em frente à Assembléia Nacional. Georgina Muñoz, representando o movimento das mulheres, reclamou 13 pontos, entre eles a elevação do custo de vida, o aumento das tarifas do transporte coletivo, respeito à autonomia das organizações sociais e direitos dos indígena.
Da marcha participou o líder dos pequenos panificadores, Ermis Morales. Ele disse que cerca de 1 mil pequenas padarias fecharam as portas porque não suportaram o constante aumento do preço da farinha.
O pastor batista e diretor do Conselho de Igreja Evangélicas Pró Aliança Denominacional (Cepad), Roberto Baltadono, disse que apoiou a marcha porque ela não foi encabeçada por nenhum partido político. “Destes o povo está cansado e não acredita mais neles”, disse o pastor.
“Creio que esta enorme marcha deve levar o presidente Daniel Ortega, deputados e políticos, à reflexão, para que escutem o povo que demanda alimentos e emprego”, acrescentou.
Tomasa Castro, líder da Igreja Católica, disse que apoiava a marcha porque era uma forma cívica de dizer ao primeiro mandatário que não é verdadeiro que o povo respalda o seu governo. “O povo tem fome e não crê mais em promessas”, comentou Castro.
Na demonstração cívica de quatro quilômetros marchou, mas sem levar bandeira alguma, a líder do Movimento Renovador Sandinista, Doura Maria Téllez.
O deputado sandinista Gustavo Porras reagiu ao manifesto e repetiu as mesmas frases de Ortega, alegando que a marcha era uma estratégia da oligarquia financiada pelo governo de Estados Unidos e da União Européia.
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