Na concentração, enquanto os demais jogadores do time jogam bingo, carteado e batem papo, ele está sempre lá, concentrado, lendo sua Bíblia. Essa é a rotina do meio-campista Marcelinho, de 30 anos, meia do ABC. Esse baiano de Juazeiro do Norte, convertido há sete anos, costuma frenquentar uma igreja em Ponta Negra pelo menos três vezes por semana, onde acompanha os cultos e, por vezes, chega até a fazer pregações.
“A vida espiritual é o equílibrio do homem. A fé em Deus é o carro chefe da vida. Sem isso, nada flui. Orar me faz bem na vida familiar e profissional”, disse o meia. Caseiro, todas as terças, quintas e domingos às 19h30, o jogador pode ser encontrado na Igreja Presbiteriana Renovada, que fica em Ponta Negra. Lá, em algumas oportunidades, seguindo os passos de outros jogadores, como o ex-jogador e hoje comentarista Muller, ele já até pregou. “Sou convertido há sete anos, mas já prego há seis. Meu Ministério é na igreja Primitiva Evangélica, mas como aqui em Natal não tem, frequento a Presbiteriana”, explicou.
Para o jogador-pregador, a passagem bíblica que me mas lhe chama atenção é a 2º corintios, capítulo 5, versículo 17. “Aquele que está escrito, nova criatura é. As coisas velhas se passaram e eis que tudo se fez novo. Quando leio esta passagem, fico mais seguro, fortalecido”, contou o atleta que já está em Natal há seis meses, para depois completar. “Quero aproveitar a ocasião para explicar a denominação Atleta de Cristo. Ela foi criada pelo João Leite, ex-goleiro do Atlético, e pelo atacante Baltazar não para se criar um termo novo, mas simplesmente para aproximar a religião do futebol, uma vez que naquela época havia um distanciamento das duas partes. Havia gente que dizia que essas duas coisas não poderiam se misturar. Graças a Deus, a visão hoje é diferente e cada dia mais outros jogadores passam a ser Atletas de Cristo”, afirmou.
A verdade é que a oração faz mesmo Marcelinho ser um jogador diferenciado. Clássico, é comum ver integrantes da comissão técnica e os demais jogadores o apontarem como o atleta mais sereno do grupo. A tranquilidade dele, uma espécie de amuleto de Ferdinando, chama atenção até em treinamentos, onde ele demonstra sempre muita serenidade. Vindo do Crac-GO, por onde disputou a Série C em 2008 e foi um dos destaques do time, o jogador não se firmou no ABC, mas nem por isso perdeu a linha. Marcelinho sempre está na delegação e quando a coisa aperta, é o primeiro a ser chamado por Ferdinando.
Se ajuda dentro de campo, a oração auxilia também o atleta a matar saudades de casa. Solteiro por opção como ele mesmo diz, o meia sente mais a ausência da mãe, dona Adelice Maria, que mora em Juazeiro-BA. “Sinto muita saudades.
Procuro me comunicar com ela pelo menos três vezes por semana. Todas as coisas boas que carrego são graças aos seus ensinamentos. Trago comigo uma frase que ela me diz desde pequeno. “Meu filho, você pode andar em todo lugar, mas só mexa naquilo que é seu. Louvo a Deus todos os dias por ela”, declara o meia, que em Natal gosta de ir ao shopping e adora contemplar o morro do Careca, na praia de Ponta Negra.
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