A literatura feminina é um segmento que tem crescido não só no mercado secular como também no religioso, diversas obras lançadas reafirmam o conceito moderno de que no século 21 o papel da mulher é o de ser uma supermulher, assumindo compromissos em casa, com os filhos, no trabalho e até mesmo no ministério.
Mas apesar de ser um fator conquistado pela independência feminina, esses atributos geram muitas vezes um sentimento de insatisfação por não conseguirem cumprir com todos esses papeis. “Essa maneira de conceber o feminino tem sido um dos grandes problemas para a superação da dominação de gênero. A carga de culpa das mulheres por não corresponderem àquilo que é considerado ‘coisa de mulher’ é enorme”, declarou em entrevista para o Instituto Humanitas a professora Sandra Duarte de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, da Universidade Metodista de São Paulo.
Enquanto a literatura e até mesmo a sociedade cobram esse novo papel das mulheres, a maioria não consegue dar conta de todas essas atividades. “Não é a toa que, na atualidade, o índice de mulheres com depressão que se acham fracassadas é enorme”, afirmou a professora.
Sandra Duarte de Souza diz ainda que apesar das muitas conquistas das mulheres em vários campos da vida, a identidade delas continua sendo afirmada a partir do casamento, da maternidade e de todas as representações que envolvem essa condição. “O acúmulo de atribuições inviabiliza uma vida saudável”.
Para a professora metodista, as mulheres estão em crise por não conseguirem conciliar toda a carga simbólica que carregam e buscam na religião as respostas para seus conflitos internos. “A religião pode, pois, contribuir para a naturalização dessas representações quando as afirma como sagradas, mas também pode funcionar como desconstrutora de relações de dominação de gênero”, assinalou.
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