Líderes cristãos do nordeste nigeriano que estavam participando de uma conferência de paz de dois dias, na cidade de Kaduna, culparam a polícia pela incessante violência que atingiu mais de 53 mil vidas nos últimos quatro anos.
Quando o governo resolve usar o favoritismo e estratégias diferentes para tratar as várias religiões, naturalmente, divisões e desentendidos se tornam prevalecentes e a religião se torna uma ferramenta poderosa para assassinatos e mortes, disse Peter Jatau, Arcebispo Católico Romano de Kaduna e presidente do setor nordeste da Associação Cristã da Nigéria.
A conferência de novembro uniu líderes políticos muçulmanos e cristãos que procuram caminhos para diminuir os conflitos religiosos no nordeste nigeriano. Jatau foi um dos vários oradores que culpou os conflitos entre cristãos e muçulmanos nas declarações do governo que implantou a lei sharia desde 2001.
O vice-presidente da Nigéria, Alhaji Atiku Abubakar, disse para os delegados: Nós não temos nenhuma desculpa para permitir que esses conflitos arrojados e insensíveis continuem drenando os limitados recursos humanos e materiais que precisamos para o desenvolvimento".
Há mais ou menos três décadas, era inimaginável que as pessoas dos estados do nordeste ficariam umas contra as outras, disse Atiku, Nós crescemos como irmãos e irmãs apesar de nossas diferenças lingüísticas, étnicas e religiosas".
O orador da Casa de Representantes, Alhaji Aminu Bello Masari, disse na conferência que até que as autoridades locais não descubram caminhos eficazes de se dirigir aos conflitos étnico- religiosos, a violência continuará na região.
Estou certo que estamos consciente que o norte é a região mais mista, portanto, a região mais frágil do país, disse Masari. Nós devemos nos unir e dirigir as questões fundamentais afetando o norte, com um alto e verdadeiro senso de responsabilidade.
Como líderes, devemos investir no futuro de nosso povo, rasgando os impedimentos para a paz, coexistência mútua, democracia e prosperidade. Masari também enfatizou que os oficiais do norte se dirijam aos problemas de pobreza, analfabetismo e desemprego nos seus estados.
A violência religiosa é cara e mortífera. Centenas de igrejas e mesquitas no norte da Nigéria têm sido destruídas em tumultos. Multidões atearam fogo em casas particulares e empresas de milhões de dólares. Nas cidades maiores, como Kaduna, Kano, Jos, Sokoto, Bauchi e Yola, o conflito efetivamente segregou cristãos e muçulmanos, forçando-os a viver em áreas separadas para segurança.
Alhaji Abdullahi Adamu, o governador do Estado de Nasarawa, reconheceu o custo social da violência religiosa. Nunca, na história deste país, o norte tem sido tão polarizado como agora, Adamu disse na conferência de paz. Está polarizado com linhas políticas, étnicas, religiosas e econômicas. O mesmo se aplica à crescente disparidade social na região".
A história nos ensinou que o empobrecimento do povo leva a insurreições sociais em que os ricos se tornam vítimas. Nossos líderes religiosos e políticos devem parar de exercer o papel de geradores de crises agressivas em ordem de estabelecer relações antigas e de confiança entre associações, conclui o professor Isawa Elaigwu, um cristão que presenciou um relatório de analise para a conferência.
Elaigwu advertiu os líderes políticos e religiosos no norte que absorvem os valores de honestidade, justiça, justiça social, igualdade, tolerância e acomodação, como um caminho de reduzir os conflitos religiosos.
Tolerância e acomodação têm sido difíceis em alguns lugares. Em seu discurso na conferência, o governador do estado de Kano, Malam Ibrahim Shekarau, disse que era hipócrita separar religião da política. Ele não viu nada de errado no uso da religião no governo.
Kano, um dos 12 estados regidos pela lei islâmica da sharia, foi invadido pela violência religiosa no último mês de maio, onde muçulmanos atacaram cristãos em retaliação a violências anteriores na cidade de Yelwa. Os conflitos causaram a morte de centenas de homens, mulheres e crianças.
Alhaji Ibrahim Saminu Turaki, o governador do estado de Jigawa e presidente do comitê organizador da conferência de paz, disse que a conferência foi planejada pelo desejo de encontrar caminhos honestos para reduzir os conflitos religiosos no norte da Nigéria.
O vice-presidente Atiku disse na conferência: a maior esperança para os estados do norte e, de fato, para a nação, é colocar para trás todos os obstáculos para a paz, ir adiante e ocupar-nos de uma posição que nossos números e recursos nos qualificam.
A história não nos perdoará se nós sairmos deste salão sem encontrar nenhuma solução duradoura para esses problemas, disse ele.
No entanto, a conferência acabou sem nenhuma declaração de promessa significativos com alvo de acabar com os conflitos entre cristãos e muçulmanos.
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