Líderes mudam culto por “formato moderno” querendo atrair fiéis
Pastores, padres e rabinos buscam maneiras de “inovar” as celebrações
Algumas mudanças na dinâmica de celebrações religiosas nos Estados Unidos mostram uma tendência que vem se desenvolvendo em uma sociedade onde cerca de um terço dos adultos norte-americanos dizem que nunca ou raramente frequentam um templo. Segundo diferentes pesquisas, o número de americanos que não se identificam com nenhuma religião continua a crescer rapidamente, em especial os jovens.
Uma das opções que cresce em popularidade é a execução de músicas “seculares” durante o período de louvor. A Igreja Metodista Unida de Saint Andrew, em Omaha, por exemplo, incorporou canções do grupo Eagles ao repertório. Uma das mais tocadas é “Desperado”, cuja letra diz “É melhor você deixar alguém te amar, antes que seja tarde demais”. É bom lembrar que isso ocorre em Omaha, capital do tradicional (e rural) Estado do Nebraska.
Bruce Davis, o pastor local usa isso para falar durante o sermão sobre o amor de Deus por todas as pessoas. Ele usa regularmente trechos de músicas que tocam nas rádios para “deixar a pregação mais envolvente”. Mark Ashton, pastor da Igreja Comunidade de Cristo, na mesma cidade, faz o mesmo “Se não conseguirmos envolvê-los, eles vão embora”, explica.
Muitos pastores tem defendido que é mais importante que nunca oferecer sermões que além de compartilhar a mensagem de Deus consigam prender a atenção das pessoas. Há igrejas que além de oferecer uma rede wifi aberta no templo, incentiva que os membros comentem nas redes sociais o que acontece no culto.
Dan Weber, pastor da Igreja Luterana Rei dos Reis de Omaha, busca fazer as duas coisas. Ao mesmo tempo que usa clips de filmes projetados no telão como suas ilustrações, ainda arranja tempo para responder via Twitter aos comentários da congregação enquanto prega.
Meredith Garwood, 28, foi entrevistada na saída do culto na Rei dos Reis. A fiel afirmou que o uso de mídias sociais, além de filmes e músicas são muito bons pois ajudam a transmitir as ideias aos mais jovens, que cresceram com a tecnologia.
Não são apenas os pastores que se preocupam em dar esse ar de modernidade às celebrações. O rabino Jonathan Gross da sinagoga Beth Israel de Omaha optou por aposentar o púlpito e agora faz o seu sermão em um formato de talk-show, incluindo convidados e assistente de palco.
Gross sempre abre com um pequeno “monólogo” onde define a mensagem de Torá da semana. Passa então a conversar com pessoas selecionadas, incluindo outros rabinos, sobre temas ligados à mensagem. Para ele, mesmo sendo algo diferente, na essência não deixou de lado as Escrituras e as orações tradicionais. Antes de usar o novo formato, chamado de “Show do Sábado”, a sinagoga atraia cerca de 75 pessoas a cada semana. Agora está reunindo mais de 100.
Trecho do culto na sinagoga:
Padres católicos em geral são mais tradicionais no formato das missas. Mas isso não impede Tom Neitzke, padre jesuíta que lidera a Igreja Católico Sagrado Coração, use piadas, notícias da semana para tornar “a mensagem mais relevante e envolvente”, explica. “É importante ter uma noção do que está na mente das pessoas”, enfatiza Neitzke.
Ele afirma estar cumprindo o que o papa Francisco pediu no final de 2013 na exortação Evangelii Gaudium, que diz: “a pregação, dentro da Liturgia, requer uma séria avaliação por parte dos Pastores… porque são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante, e não podemos fechar os ouvidos. A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo”.
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