De acordo com os últimos relatórios, os líderes cristãos Hassan Abduraheem Taour e Kuwa Shamal, que foram detidos sem acusação formal, durante vários meses, foram transferidos para a prisão de Al-Huda, no dia 11 de agosto. Durante o primeiro julgamento, eles foram acusados pelos crimes: executar acordo ilícito, se opor à autoridade pública com violência ou força criminosa, promover o ódio entre as classes, propagar falsa notícia, ter imagens de áreas restritas e portar equipamentos ilegalmente, travar guerra contra o Estado e espionagem. Estes dois últimos são crimes que levam à pena de morte.
O caso de ambos parece estar relacionado ao fato de Hassam ter uma grande influência na igreja do Sudão. Tudo começou quando Shamal pediu assistência médica para um estudante chamado Ali Omer, que foi gravemente ferido durante uma manifestação na Universidade de Omdurman, em 2015. O jovem teve queimaduras graves e precisou de cuidados médicos regulares. Várias organizações se reuniram para arrecadar fundos para que o estudante tivesse um tratamento adequado. Hassam então doou uma quantia em dinheiro, para colaborar com Shamal. Os dois líderes chamaram a atenção das autoridades num momento em que restrições severas estavam sendo aplicadas contra os cristãos.
O Serviço de Inteligência e Segurança Nacional do Sudão (NISS - sigla em inglês), já havia prendido seis pastores de três denominações diferentes, obrigando-os a relatar suas atividades diariamente. Além disso, na mesma época, várias igrejas estavam sob ameaça de destruição. Esse é o segundo ano consecutivo que as autoridades sudanesas acusam os líderes da igreja com crimes que levam à pena de morte. Yat Michael e Peter Reith, que enfrentaram acusações semelhantes, foram presos em agosto de 2015.
Desde a separação do Sudão do Sul, o presidente Omar al-Bashir tem apelado repetidamente para uma constituição baseada unicamente na sharia (lei islâmica), o que pode afetar ainda mais as minorias religiosas no país. Estes homens inocentes enfrentam agora a possibilidade de uma sentença de morte através de provas que não justificam uma detenção, e muito menos uma condenação. Os advogados de defesa vão apelar ao governo sudanês pela garantia de que esse julgamento seja realizado com respeito aos princípios legislativos do país, que incluem a participação de representantes legais e de familiares, independentemente de religião ou etnia. Ore pela igreja no Sudão.
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