O líder muçulmano russo Nafigulla Ashirov, um dos presidentes do Conselho dos Muftis da Rússia, sugeriu nesta segunda-feira a construção de áreas residenciais separadas para muçulmanos.
Segundo Ashirov, estas áreas poderiam proteger os muçulmanos de ataques racistas.
“Vamos supor que os muçulmanos possam estabelecer uma companhia de investimentos e investir na construção de um grande complexo residencial”, afirmou Ashirov à agência de notícias russa Interfax.
“Não apenas empresários muçulmanos iriam investir neste projeto, todas as pessoas sujeitas a ataques fascistas (poderiam investir)”, acrescentou.
Metrô
Ashirov lembrou que em Moscou os membros de minorias étnicas precisam usar os transportes públicos para ir para casa e, por isso, “no momento, o metrô freqüentemente se transforma no local destes crimes”.
O líder muçulmano afirmou que os grandes complexos residenciais teriam segurança e também sua própria infra-estrutura, como lojas e escolas.
“Aqueles que não se sentem seguros e protegidos seriam capazes de investir juntos na construção destes complexos”, afirmou. “Tártaros, uzbeques, chechenos, judeus e ciganos também poderiam viver lá.”
O presidente do Centro de Coordenação de Muçulmanos do Norte do Cáucaso, Ismail Berdiyev, afirmou que a idéia de Ashirov está “fadada ao fracasso”.
“A Rússia não é e nunca será um país em que muçulmanos vivem em isolamento total do resto da sociedade”, disse.
“A força espiritual e a força do povo russo vêm justamente do fato de que não podemos ser divididos em blocos e reservas.”
Ponto de vista
Segundo o vice-chefe do Departamento Espiritual Central dos Muçulmanos, Albir Krganov, “a opinião do co-presidente do Conselho dos Muftis não reflete o ponto de vista de muçulmanos russos razoáveis”.
“O papel dos clérigos é exatamente levar a mensagem aos fiéis ao invés de dividir a sociedade em termos de religião ou de acordo com algum outro critério”, afirmou.
Em outubro de 2005, Ashirov pediu que os muçulmanos russos revissem a atitude em relação ao passaporte do país, devido aos símbolos nacionais no documento, “símbolos cristãos ortodoxos”.
Na época, a liderança do Conselho dos Muftis afirmou que a atitude de Ashirov refletia apenas seu ponto de vista pessoal.
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