O arcebispo de Canterbury, líder espiritual da Igreja Anglicana, pediu uma aplicação limitada da sharia, ou lei islâmica, no Reino Unido. A proposta, inusitada, do líder cristão mais respeitado da Grã-Bretanha, permitiria que os muçulmanos resolvessem disputas conjugais ou financeiras segundo o código religioso, e não por meio das cortes civis.
O arcebispo Rowan Williams disse, em entrevista à rádio BBC, que a incorporação da lei islâmica poderia ajudar a melhorar a coesão social do país.
Williams disse que uma decisão do tipo lhe parece "inevitável". "Algumas provisões da sharia já são reconhecidas sob a nossa sociedade ou nossa lei, então não é como se estivéssemos importando um sistema estrangeiro ou rival", disse ele.
O porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown repudiou a proposta de imediato. "O primeiro-ministro acredita que a lei britânica deve se aplicar neste país, baseando-se em valores britânicos", disse Michael Ellam. A idéia também foi rejeitada pela oposição.
Williams disse não estar defendendo alguns dos aspectos mais radicais da sharia, que tem sido associada a punições bárbaras na Arábia Saudita, à redução dos direitos da mulher e em condenações de morte nos casos de proselitismo religioso. "Ninguém mentalmente saudável" gostaria de ver isso, declarou.
O diretor da Fundação Ramadã, Mohammed Shafiq, disse que o uso da sharia reduziria as tensões na sociedade britânica, ao dar aos muçulmanos a sensação de que sua fé é "respeitada".
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