Já dura cinco meses o drama dos missionários brasileiros presos no Senegal por acolher e evangelizar crianças que frequentam escolas islâmicas no país. José Dilson Alves da Silva, de 45 anos, e Zeneide Moreira Novais, de 53, estão presos desde novembro de 2012 na Maison d’Arrêt et Correction de Thiès (Casa de Detenção e Correção de Thiès), e relatam estarem sendo submetidos a condições sub humanas.
– Eu passo todos os dias, das 17h às 9h, numa cela de quarenta metros quadrados, que abriga média de 45 presos. Durmo de lado com o rosto colado no rosto do companheiro de cela. Quando a posição me cansa, viro para o lado do pé. Somos forçados a viver tão próximos fisicamente uns dos outros, que muitas vezes é impossível dormir. Outro dia, um teve diarreia. Ele se levantou e passou entre nós sujando de fezes o meu colchão – relatou José Dilson, que relatou também conviver diariamente com ratos no local.
– Esta noite acordei com um rato morto debaixo do meu colchonete. Às vezes sinto eles andando nas minhas pernas, e com eles tenho que dividir a comida. Frutas, biscoitos e o que tenho que guardar para os momentos entre as refeições. Eu me alimento do que eles já roeram – contou.
– Não há um dia em que não chore. Já perdi uma obturação e quebrei dois dentes por passar a noite rangendo. Só consigo me recompor após orar – completou o missionário, em depoimento feito à ONG Rio de Paz.
Zeneide também comentou a situação à qual estão submetidos. Segundo ela sua rotina é formada por celas superlotadas, ratos e baratas, calor, falta de ventilação, mau cheiro, roupas e bagagens penduradas em todas as paredes.
– Quando cheguei à cela, olhei e disse para mim mesma, mas onde vou ficar aqui? Não há espaço para mim. Logo me apresentaram um lugarzinho onde pude estender meu pequeno colchão – contou a missionária, sobre a condição desumana de encarceramento a que estão submetidos.
A situação dos missionários foi comentada também comentada por Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, entidade que encabeça uma campanha visando reunir assinaturas pedindo pela libertação dos missionários.
Costa, que é também presidente da Igreja Presbiteriana Betânia, esteve no Senegal e viu de perto o drama dos missionários brasileiros. Em um áudio publicado no SondCloud, Antônio Costa criticou a falta de ação da igreja brasileira no caso e comentou sobre a necessidade de uma maciça movimentação em favor dos missionários.
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