As igrejas cristãs da África estão analisando planos para criar uma comissão para garantir aos cristãos a possibilidade de cultuar pacificamente em sociedades tolerantes, dizem os líderes das igrejas tradicionais.
Não estou convencido neste momento de que tenhamos pensado cuidadosamente... a questão toda da concessão de espaço religioso suficiente para as pessoas escolherem, e para que as religiões trabalhem em conjunto em uma atmosfera de tolerância, disse o Rev. Mvume Dandala, Metodista da África do Sul que assumiu como secretário geral da Conferência de Igrejas da África (CIA) em setembro último.
Dandala falou à Portas Abertas que a liberdade religiosa era uma uma coisa muito crítica que deve ser debatida e discutida constantemente e em profundidade pelos organismos continental que representam as várias religiões. Esperamos que, se em qualquer país cristão, pessoas da fé muçulmana sentem que estão sendo perseguidas, seria importante para os organismos continental cristão realçassem isso aos cristãos, bem como estivesem em constante contato com as pessoas de outras religiões.
O líder da CIA disse que pretende promover discussões com as igrejas participantes sobre a formação de comissões de liberdade religiosa ou organismo similar para ajudar a monitorar os casos de perseguição e restrição religiosa.
O Rev. Nyansako-ni-Nku, moderador da Igreja Presbiteriana dos Camarões, eleito presidente da CIA em sua assembléia geral de novembro último, também apoia a idéia de uma comissão. Penso que o papel de uma comissão dessas poderia ser adequadamente definida, se a idéia for mais discutida e formalmente adotada, disse ele.
Ao tratar da perseguição no continente, Nyansako-ni-Nku disse que a CIA, que representa cerca de 120 milhões de fiéis em 39 países, iniciaria uma missão de diálogo e reconciliação onde quer que houvesse um conflito e daria assistência aos afetados.
Se as pessoas forem maltratadas em função de sua fé em Jesus Cristo, o melhor testemunho que a CIA pode dar em tais circunstâncias será o apoio espiritual, moral e material, disse ele. A CIA pode também empenhar-se em terminar com o sofrimento iniciando a defesa a nível dos que cometem a injustiça e a violência contra os cristãos. À vista da horrenda e enorme quantidade de vezes em que os direitos humanos são desrespeitados na África e outras partes do mundo, a igreja não pode fazer o suficiente.
Nyansako-ni-Nku disse que o registro global da igreja tem sido de um modo geral meritório. Por exemplo, ele observou que no Sudão a igreja foi bem sucedida em intermediar um tratado de paz entre o norte e o sul, mas infelizmente, ele foi depois violado e a guerra retomada.
A CIA e as igrejas individuais deram ajuda a refugiados de zonas em conflito. Eu pessoalmente cuidei de refugiados nabibianos nos Camarões durante 10 anos, sob os auspícios da ONU, disse Nyansako-ni-Nku. Em Uganda, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim e outros países, os líderes da igreja se identificaram com os cristãos perseguidos, não somente condenando abertamente os que estimulam a violência, mas realmente dando assistência concreta.
Tanto Nyansako-ni-Nku como Dandala concordam que as igrejas devem levantar a voz contra a injustiça nas sociedades em que estão, mesmo nos casos em que podem correr riscos. Durante anos, muitos líderes eclesiásticos do continente foram feitos alvos por vários grupos devido suas posições claras. Neste mês mesmo, bispos da Igreja Católica Romana do Burundi e do Senegal receberam ameaças de morte em razão de suas declarações públicas. Outro bispo foi recentemente ameaçado na Costa do Marfim.
Dandala acredita que os cristãos têm uma responsabilidade de definir os valores e princípios comuns para ajudar o desenvolvimento do continente mais pobre do mundo. Eles devem também trabalhar cuidadosamente através do diálogo para pressionar os líderes políticos a honrarem os princípios de justiça e igualdade.
Quando existe uma tendência deliberada e consistente daqueles que estão na liderança política de se afastar desses valores, temos de denunciar essas situações em nome de Deus e em nome do povo, disse ele.
Eu pertenço à escola teológica que acredita que os demônios devem ser identificados e chamados pelo nome, disse Nyansako-ni-Nku. Como tem sido dito com freqüência, a responsabilidade de um pregador é perturbar quem está no conforto e confortar quem está perturbado. Por isso não deve haver fim em se falar contra a injustiça - até que venha o reino.
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