CHINA – Os comitês olímpicos europeus, que enfrentam a questão dos direitos humanos na China antes dos Jogos de Beijing, têm anunciado em sua maioria liberdade de expressão aos atletas, mas alguns tentam evitar qualquer incidente diplomático.
Os atletas mais vigiados serão os britânicos. O Comitê Olímpico obrigará os esportistas a assinar um contrato no qual se comprometem a não falar de questões políticas sensíveis como os direitos humanos no Tibet.
O objetivo é evitar que os atletas transformem as Olimpíadas em tribuna política, como foi o caso no México em 1968 com os militantes dos direitos cívicos dos Estados Unidos.
“Se for feita uma pergunta direta a uma pessoa e esta responder, não há problema”, afirmou um porta-voz do Comitê Britânico.
“Este assunto é revelador da falta de valor que caracteriza hoje em dia algumas autoridades do movimento olímpico”, lamentou a organização Repórteres Sem Fronteiras em um comunicado.
“O COI segue mudo sobre a situação dos direitos humanos na China. Por que os comitês olímpicos nacionais reagiriam diferente?”.
Sem censura
Muitos não parecem dispostos a calar seus atletas. Na Noruega, as autoridades incentivam os esportistas a se expressarem.
“Como regra geral, nossos atletas são animados a mostrar sua amplitude de opiniões e expressar seus compromissos”, disse Martin Hafsahl, porta-voz do Comitê Olímpico e Paraolímpico Norueguês.
Mais de 100 atletas noruegueses que buscam vaga nas Olimpíadas participaram em dois seminários sobre as liberdades, direitos humanos e a situação política na China.
Outros, italianos, holandeses ou espanhóis, garantem que seus campeões gozarão de liberdade de expressão desde que falem a título pessoal.
“O CONI (Comitê Italiano) não impede ninguém de falar”, afirmou Raffaele Pagnozzi, secretário-geral. “Nossos atletas mostrarão o respeito que se deve a China, como sempre acontece em todos os países. Porém, todos serão livres”.
“Os atletas são pessoas que pensam de maneira independente”, declara Jan Martinek, porta-voz do Comitê Tcheco.
Norma proíbe manifestação religiosa
Como norma geral, os comitês olímpicos também recordam que a Carta do COI não autoriza “nenhuma categoria de manifestação ou de campanha política, religiosa ou racial nas sedes olímpicas”.
“Nós fazemos esporte e os políticos, política”, ressalta Ioan Dobrescu, secretário-geral do Comitê Romeno. “Nossos atletas têm o direito de falar do que quiserem. A respeito da política, não devem falar como equipe olímpica. Eles sabem”.
O porta-voz do comitê organizador chinês, Sun Weide, questionado sobre a atitude dos europeus, foi lacônico: “Espero que o espírito olímpico e as regras do COI sejam respeitadas em todos os aspectos”.
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