Jovens enfrentam perseguição na Inglaterra ao deixar o islã
Pela internet os jovens conseguem conversar e trocar experiências com quem vivencia experiências parecidas
Jovens britânicos de famílias muçulmanas estão desistindo do Islã e por isso enfrentam diversos problemas familiares. Os relatos foram feitos à BBC de Londres, onde os jovens afirmam que sofreram perseguições e até ameaça de morte por terem abanando a crença da família.
Um dos relatos é de uma garota de 17 anos que três anos atrás começou a questionar a religião e se rebelou contra o uso de hijab (véu que cobre a cabeça das mulheres muçulmanas). Em seguida a jovem moradora de Lancashire, na Inglaterra, resolveu que não queria mais ser muçulmana e foi ameaçada de morte pelo próprio pai.
A garota precisou chamar a polícia depois de ter apanhado muito e por este motivo seu pai foi condenado por crueldade infantil. Hoje ela está sob a guarda do pai de seu namorado, pois precisou se separar de sua mãe e seus irmãos.
Mas a jovem não está sozinha, uma jovem de 25 anos que mora em South Yorkishire resolveu deixar o islamismo quando estava na faculdade porque descobriu que seus pais haviam arranjado um casamento para ela.
Com medo de ser rejeitada pela família por deixar o Islã, a jovem resolveu não voltar mais para casa. “Eu sei que minha família não iria me machucar, não os meus pais e irmãos”, disse ela que não deixou que outras pessoas da família soubessem de sua decisão. “Meu pai me disse que se as pessoas erradas descobrissem, ele não saberia o que poderia acontecer.”
Através de um fórum on-line outros ex-muçulmanos conversam e falam sobre suas experiências e medos, a jovem de 25 anos participa desses debates e incentiva os participantes a conquistarem a independência financeira antes de contar aos seus pais sobre a decisão.
Os relatos de quem sofre por deixar a religião são impressionantes, há jovens que ouviram de parentes que por conta da sua escolha toda a família foi “manchada” e que seus irmãos e irmãs não poderiam mais se casar.
Outros preferem manter a decisão de não mais seguir a religião em segredo, com medo do que a comunidade em sua volta. “Eu vivia em Bradford e era bem discreta porque lá havia muitos muçulmanos na região. Eu ainda tenho esse medo contido, é difícil de explicar. Você simplesmente quer se manter calado a respeito disso. É mais seguro assim”, disse outro jovem.
Alguns países muçulmanos possuem leis severas que podem condenar à morte quem desiste da religião. A lei da blasfêmia mata muitas pessoas em países como o Paquistão. No Reino Unido não há esse tipo de lei, porém os muçulmanos vivem em comunidades fechadas e esse tipo de notícia pode prejudicar os relacionamentos de toda a família.
“Falei com minha mãe pelo telefone e ela berrou: ‘você não é mais meu filho!’ Aí meu irmão pegou o telefone e a mensagem que eles me passaram era de que eu não pertencia mais à família e, desde então, eu nunca mais pude falar com eles”, diz um jovem paquistanês que se mudou para o Reino Unido para estudar teologia e decidiu que não acreditava mais no Islã.
“Eu pessoalmente concluí que essa fé é extremamente misógina e isso se tornou um ponto de virada claro para mim. Todos os meus amigos muçulmanos ficaram chocados. Inicialmente, eles acharam que eu estava brincando, mas quando perceberam que era sério, eles começaram a me xingar, de uma forma leve no início, mas depois passaram a me atacar, me ameaçar”, revela o paquistanês.
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