Duas jornalistas detidas na semana passada por guardas norte-coreanos estão sendo acusadas de espionagem, disse o Departamento de Estado dos Estados Unidos nesta terça-feira. "Nós estamos certamente a par das acusações", disse o porta-voz Robert Wood.
O porta-voz informou nesta terça-feira que a Coreia do Norte assegurou aos Estados Unidos que as jornalistas --que trabalham para o canal californiano Current TV-- serão bem tratadas. "A Coreia do Norte nos garantiu isso", declarou.
De acordo com o jornal sul-coreano "JoongAng Ilbo", Euna Lee e Laura Ling, enfrentam intenso interrogatório em Pyongyang por suspeita de espionagem depois de cruzarem a fronteira entre a China e a Coreia do Norte e serem detidas na madrugada de terça-feira (17) por "entrarem ilegalmente em território" norte-coreano.
O porta-voz acrescentou que como não há diplomata americano no país, pediu a diplomatas suecos que peçam acesso às mulheres. Se condenadas por espionagem, as jornalistas podem pegar ao menos cinco anos de prisão pela lei norte-coreana. Se condenadas por espionagem e travessia ilegal, elas podem ser sentenciadas a mais de 20 anos de prisão.
De acordo com o jornal, as autoridades de Pyongyang investigam os notebooks, fitas de vídeo e câmeras das jornalistas alegando que elas entraram ilegalmente no país e que estariam espionando as instalações do regime militar.
Um ativista que alega ter ajudado as jornalistas a planejar a viagem disse que elas estavam fazendo uma reportagem sobre os refugiados norte-coreanos na China. O reverendo Chun Ki-won informou que as avisou para que não chegasse muito perto da fronteira.
As jornalistas provavelmente cruzaram um rio congelado e passaram para o lado norte-coreano em um ponto isolado onde o rio se estreita, de acordo com o jornal "JoongAng Ilbo". Um terceiro jornalista americano que estava com elas, Mitch Koss, operador de câmera do canal de TV, foi detido por guardas chineses na fronteira e, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Qin Gang, Koss já deixou o país.
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris, pediu que as jornalistas fossem imediatamente libertadas e insistiu para que a Coreia do Norte e a China indiquem onde elas foram detidas.
Segundo o chefe do grupo da Ásia, Vicent Brossel, a captura delas na China violaria o direito internacional. "É sequestro; não é prisão. É um novo caso de sequestro cometido pelo regime norte-coreano contra civis, neste caso jornalistas", disse.
Prisão
A prisão, ocorrida às margens do fronteiriço rio Tumen, aconteceu em um momento de elevada tensão na região, quando a Coreia do Norte acusa os EUA e a Coreia do Sul de prepararem uma guerra ao realizarem exercícios militares conjuntos na região. Já Washington e Seul acusam Pyongyang de anunciar o lançamento de um satélite de comunicações como disfarce para o lançamento de um míssil de longo alcance, que teria alcance para atingir o Alasca.
O Departamento de Estado dos EUA disse ter mantido contato com autoridades norte-coreanas para pedir a imediata libertação das jornalistas. Em 1996, um norte-americano passou três meses detido pela Coreia do Norte após cruzar o rio Yalu, que demarca outro ponto da fronteira entre China e Coreia do Norte.
Essa prisão demonstra a falta de respeito à liberdade de expressão e pensamento na Coreia. Ore pelas jornalistas e por todos que estão presos sem motivos.
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