O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que reúne cristãos protestantes e ortodoxos, anunciou na segunda-feira um esforço conjunto com o Vaticano para criar um código de conduta para conversões religiosas.
Um dirigente do CMI disse esperar que esse projeto, basicamente voltado para dentro do Cristianismo, provoque discussões sobre o tema entre muçulmanos -- que tratam com dureza quem muda de fé -- e seguidores de outras religiões.
Esperamos apresentar um código que garanta que o compromisso dos crentes com sua fé nunca se traduza em denegrir as outras, disse Hans Ucko, presidente do Escrito de Relações Inter-religiosas e Diálogo da WCC, que reúne 348 membros.
Pelo lado católico, o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso participará do estudo, que deve durar três anos. A primeira reunião, de quatro dias, começa na quarta-feira em Roma.
Ucko disse que a idéia de criar regras para o proselitismo surgiu há alguns anos, durante contatos regulares entre a WCC, com sede em Genebra, e o Vaticano, a respeito dos métodos usados por missionários cristãos na Índia, que haviam causado problemas para os cristãos locais.
Mas ele disse não haver qualquer relação entre o projeto e o caso de Abdur Rahman, um afegão de 40 anos que esteve ameaçado de ser condenado à morte por se converter ao Cristianismo.
Este é basicamente um projeto intracristão, um diálogo entre cristãos, porque embora alguns adotem uma abordagem discreta, outros fazem o que pode ser visto como uma cruzada, que ofende as pessoas de outras religiões, disse Ucko.
Houve exemplos disso em Sri Lanka após o tsunami de 2004, quando, segundo Ucko, missionários estrangeiros saíram em busca de conversões entre os budistas, o que provocou ataques à tradicional comunidade cristã de lá.
Mas esse proselitismo agressivo não é exclusividade dos cristãos. Em algumas partes do mundo, os muçulmanos também trabalham para fazer não-muçulmanos abraçarem o Islã, disse.
A reunião desta semana em Roma terá a presença de representantes de outros credos, como judeus, hindus, budistas, muçulmanos e cultos indígenas. Muçulmanos já demonstraram interesse no projeto, de acordo com Ucko.
Muitos acadêmicos muçulmanos consideram a apostasia -- o abandono da fé -- equivalente à traição nas sociedades laicas, pois segundo eles o Islã é não só uma estrutura religiosa, mas também uma forma de Estado. Em muitos países islâmicos a apostasia é punível com a morte.
A questão também diz respeito à liberdade religiosa, disse Ucko. No mundo de hoje, mudar a religião de alguém não deveria ser considerado uma traição ao Islã ou a qualquer outra fé.
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