Os haitianos mudaram a cara das igrejas evangélicas no Glicério, bairro vizinho da Liberdade, tradicional reduto oriental da capital de São Paulo. O novo "bairro negro" é também formado africanos, mas os haitianos são a maioria.
"Pode escrever aí, mais um ano e o Glicério vai ter só loja de haitianos", vaticina o pastor Luciano Gomes, 44, que aprendeu francês e creole [língua derivada do francês].
Ao menos três igrejas evangélicas fazem cultos bilíngues, como a Igreja Assembleia de Deus e a Igreja Batista Bethlehem. Lojas de roupas, cabeleireiros, lan houses e um restaurante de comida típica também abriram portas na região. Aos poucos, o a nova população tem feito seu dinheiro girar no bairro.
O maior fluxo de haitianos é concentrado na rua do Glicério, na entidade Missão Paz – ligada à Pastoral do Migrante. Desde o início do ano passado, o local passou a abrigar imigrantes enviados pelo governo do Acre, por onde chegam ao país. Diariamente, cerca de cem novos haitianos vinham sendo enviados a São Paulo.
Nem todos, porém, encontram oportunidades quando chegam à capital paulista. Metade dos fiéis da igreja do pastor Luciano está desempregada. Charles Lunes, 33, é um deles: paga R$ 600 de aluguel e vive com os R$ 300 que restam do salário da mulher. Enquanto procura por trabalho, frequenta a Assembleia de Deus.
"São pessoas que vieram para cá depois de ir para o Sul. Os contratos acabaram e então voltaram", diz o pastor.
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