O bispo Edir Macedo publicou em seu blog um relato escrito pelo detento Paulo José França Muniz, sobre sua conversão e crescimento dentro da hierarquia da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
O relato de Muniz começa por sua infância, quando seguidas tragédias abalaram sua estrutura familiar e influenciaram nas opções que ele fez em sua adolescência.
O detento e obreiro da IURD diz que roubou e matou antes de completar 18 anos, e na sua chegada a São Paulo, tornou-se ainda mais perigoso, quando sua vida “chegou ao fundo do poço”, e foi preso.
Muniz diz que foi “evangelizado por um obreiro da Universal chamado João Gomes”, e que devido à sua raiva dos fiéis da IURD, planejou assassiná-lo: “Armei uma armadilha para matá-lo, mas não deu certo. Eu tinha uma raiva incontrolável do povo da Universal”. Em outro ponto, o obreiro diz que ao ouvir a voz de Edir Macedo, se “transformava no próprio diabo”.
O obreiro diz ainda que na cadeia, recebeu ajuda de “um evangelista da Universal, que foi preso também”, e que por ele ter ouvido seus dilemas, mudou de postura: “Desse dia em diante criei vergonha e deixei Jesus me ajudar”.
A história de Muniz, que foi condenado a 120 anos de prisão, não termina nesse trecho. O obreiro-detento diz que antes de ser preso, se tornou inimigo de um ex-policial, entre outros: “Eu havia quebrado o braço de um cidadão, ex-policial aposentado, e coloquei fogo na casa e no carro. Também matei o papagaio dele. Fiz uma barbaridade”, relata.
Segundo o relato, o filho do policial foi preso e enviado para o mesmo presídio em que ele estava: “Certo dia, evangelizando dentro do presídio, ouvi um comentário: “Hoje vai morrer um obreiro da Universal…” Porque o filho do ex-policial estava preso também e sabia que era eu que havia feito a tal barbaridade com o pai dele, por isso citaram o meu nome. Eram tantos presos juntos que eu sabia quem iria me matar, mas eles não sabiam, nem me conheciam”.
De acordo com o obreiro, a ligação de uma fiel da IURD salvou sua vida: “Me deparei com 10 ladrões, todos com facas. Vi a minha morte. Quando me viram, começaram a me xingar, porque passavam todos os dias procurando por mim, mas o próprio Deus me cobria com Seu manto […] O telefone de um deles tocou. Era a mulher dele pedindo para que não me matassem, porque eu também servia a Deus na mesma igreja que ela. Quando ele passou o recado para os demais, eles insistiam para que me matassem, mas ele disse que obedeceria ao pedido da esposa. Mal sabia ele que obedeceu ao próprio Deus”, escreveu Muniz.
Confira abaixo, a íntegra do depoimento de Paulo José França Muniz, publicado pelo bispo Edir Macedo em seu blog:
Olá, bispo!
Meu nome é Paulo José França Muniz. Venho por meio deste relato dar o meu testemunho. Este amigo que lhe escreve é um homem que lhe odiava muito, mesmo sem lhe conhecer.
Só de ouvir a sua voz, me transformava no próprio diabo.
Venho de uma família destruída. Minha mãe largou meu pai e logo depois ele se matou. Entrei para a vida do crime aos 9 anos de idade, no estado da Bahia. Muitos da minha família servem aos espíritos malignos.
Lembro uma ocasião em que eu e minha irmã brigamos, e quebrei o braço da minha mãe quando foi nos separar. Daquele dia em diante, minha vida virou um inferno, e acabei me transformando em um assaltante, mesmo estando com 10 anos de idade.
Eu era muito respeitado na vida do crime – roubando e matando. Que eu me lembre, tirei a vida de cinco pessoas.
Com 17 anos, dava muito trabalho aos policiais daquele estado, e minha mãe sofreu muito. Quando ela ouvia falar que estava havendo um tiroteio na região, já sabia que era eu. Ela não aceitava a vida que eu levava. Até que chegou um dia em que a polícia falou para ela que eu não chegaria aos 18 anos. Aí resolvi parar por alguns meses.
Minha mãe achou que eu tinha mudado. Ela me mandou para São Paulo, à casa do meu tio, para que eu ficasse longe das más companhias.
Chegando a São Paulo, em pouco tempo, já montei uma nova quadrilha com seis pessoas e saí para roubar empresas de ônibus. Aparentemente, estava dando tudo certo, vivendo uma vida de rico.
Enfim, a minha vida aqui em São Paulo ficou 6 anos nessa rotina, até que um dia fui preso fazendo um assalto na usina. As cadeias públicas da região não me aceitavam e nem aceitavam os meus parceiros, porque eles já sabiam que iríamos fugir. Aí me mandaram para o antigo Carandiru.
Me vi ali dentro preso, cheirando ‘farinha’, fumando maconha, igual a um louco. Todo mundo me abandonou. Me vi no fundo do poço. Fui evangelizado por um obreiro da Universal chamado João Gomes. Armei uma armadilha para matá-lo, mas não deu certo.
Eu tinha uma raiva incontrolável do povo da Universal.
Passado uns dias, pedi ajuda a uma denominação, porque não tinha mais coragem de pedir ajuda para o povo da Universal, mas essa denominação fechou as portas para mim, não me aceitando.
Eu me encontrava numa situação que pensava em tirar a minha própria vida, pois já não tinha mais drogas para usar nem família.
Quem me aparece nessa hora de desespero?
Um evangelista da Universal, que foi preso também. Ele conversou comigo e me ouviu, comprometendo-se a me ajudar do jeito que eu estava. Desse dia em diante criei vergonha e deixei Jesus me ajudar.
Fui condenado a 120 anos de prisão, e estou preso há 15 anos e 5 meses. Mas sou feliz e liberto, pois já faz 14 anos que fui consagrado a evangelista pelo pastor Afonso, que hoje é bispo. Ele acompanhou toda a minha trajetória.
Faço a Obra de Deus com muito amor e dedicação pelas almas. Sei o significado de Jesus na minha vida.
Ah, mas o mais forte vem agora. Eu já era evangelista em 2001 quando ajudei um companheiro preso, e este me traiu.
Eu havia quebrado o braço de um cidadão, ex-policial aposentado, e coloquei fogo na casa e no carro. Também matei o papagaio dele. Fiz uma barbaridade.
Certo dia, evangelizando dentro do presídio, ouvi um comentário: “Hoje vai morrer um obreiro da Universal…” Porque o filho do ex-policial estava preso também e sabia que era eu que havia feito a tal barbaridade com o pai dele, por isso citaram o meu nome. Eram tantos presos juntos que eu sabia quem iria me matar, mas eles não sabiam, nem me conheciam.
Quem deu meu nome para eles foi esse rapaz que eu estava ajudando. Eu só orava e jejuava por uma semana.
Fui e conversei com o obreiro João, e o bispo deu uma ordem para que o obreiro me ajudasse. Ele foi conversar com esses ladrões que, na época, faziam parte de uma facção que age dentro e fora dos presídios.
Eles disseram: “Respeitamos muito os senhores, mas o que ele fez é imperdoável!”
O bispo prometeu conseguir uma transferência de presídio no mesmo dia, para não me matarem. Aparentemente, daria tudo certo, mas não fui transferido.
No outro dia, o bispo chegou e me perguntou o que aconteceu para eu não ter sido transferido. Simplesmente respondi: “Para qualquer lugar onde eu for existe carta e telefone. Vão ficar sabendo onde estou e vão dar ordem para me matarem.”
Falei que o meu problema eu iria resolver. Que Deus é Esse que estou servindo? Mais um pesadelo!
Ele colocou as mãos na minha cabeça e abençoou e me mandou ir. Todos que trabalhavam na Obra de Deus ali naquele presídio se afastaram de mim, porque sabiam que eu ia e não voltaria vivo. Só um resolveu ir comigo.
Chegando naquele pavilhão 7, me deparei com 10 ladrões, todos com facas. Vi a minha morte. Quando me viram, começaram a me xingar, porque passavam todos os dias procurando por mim, mas o próprio Deus me cobria com Seu manto. Já tinha até uma pessoa encomendada para assumir a minha morte no meio daquela confusão, tipo um julgamento, que decidiriam se me matariam ou não.
O telefone de um deles tocou. Era a mulher dele pedindo para que não me matassem, porque eu também servia a Deus na mesma igreja que ela.
Quando ele passou o recado para os demais, eles insistiam para que me matassem, mas ele disse que obedeceria ao pedido da esposa. Mal sabia ele que obedeceu ao próprio Deus.
Nesses anos todos nada disso me abalou, por esse motivo me dedico em fazer a Obra de Deus cada vez melhor. Estou prestes a ganhar minha liberdade e continuarei fazendo a Obra de Deus aí fora.
Conversava muito com o Marcos Sales, que hoje é pastor e estava preso comigo.
Quando nós conversávamos que seríamos pastor da Universal, os pastores que ouviam diziam que para nós “já era”, porque estávamos com a idade avançada. Mas nós, por dentro, amarrávamos, e hoje o Marcos, com 39 anos, foi consagrado a pastor e é responsável por sete regiões dos presídios.
Eu tenho 38 anos e não quero mais ser pastor, e sim um bispo do presídio, porque sei que com o Deus que sirvo posso ajudar muita gente.
Este é um relato do detento Paulo José França Muniz.
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