O Tribunal de Justiça de São Paulo anulou, na última terça-feira (19), todas as acusações do Ministério Público de São Paulo contra a Igreja Universal do Reino de Deus e seus representantes. Embora a denúncia tenha sido repercutida à exaustão no ano passado por parte da imprensa, a maioria dos veículos de comunicação – como a TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo – ignorou o desfecho do caso na última semana.
Os desembargadores paulistas consideraram que a Justiça Estadual não tinha competência para julgar a ação, conduzida por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado).
Após a anulação das acusações, o Tribunal informou, em nota, que o próprio Ministério Público reconheceu a incompetência da Justiça Estadual para julgar o caso. Curiosamente, porém, a Folha de S.Paulo e a Globo omitiram a decisão dos desembargadores em seu noticiário. Apenas o jornal O Estado de S.Paulo deu destaque à notícia.
O silêncio da mídia se explica pela “disputa pelo mercado de audiência”, segundo avaliação do professor de jornalismo da USP (Universidade de São Paulo) Laurindo Leal Filho.
– Esse assunto interessa a essa disputa pelo mercado de audiência. Então, isso ganha ares sensacionalistas ainda maiores e depois priva o telespectador, ou o leitor, da informação complementar quando, sabendo e percebendo que o resultado não interessa mais a ele nessa disputa, simplesmente omite do noticiário.
O advogado Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, que representa a Universal, cobrou um reconhecimento público dos promotores diante da anulação das acusações. O Ministério Público informou que ainda não sabe se irá recorrer da decisão.
– Eu gostaria até que o Ministério Público recorresse, porque aí nós temos a chance de ganhar nas instâncias superiores.
Em maio deste ano, decisão do presidente do TJ-SP já havia considerado nula parte das provas apresentadas pela promotoria e indicado erro de condução pelos promotores do caso ao solicitarem cooperação internacional para investigar os acusados.
Na última semana, o líder da Igreja Universal e proprietário da Rede Record, o Bispo Edir Macedo, comentou a anulação das acusações e a omissão da mídia, em texto publicado em seu blog pessoal.
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