A Igreja Maná vai recorrer da decisão do governo de Angola, que proibiu a instituição de exercer qualquer atividade no país, anunciou o líder Jorge Tadeu.
“O nosso advogado disse-nos que o que estão fazendo é um ato inconstitucional”, disse Jorge Tadeu, adiantando que o defensor da igreja “vai impugnar” a decisão.
Um decreto publicado no dia 25 de janeiro no “Diário da República de Angola” sustenta a decisão de revogação do reconhecimento oficial da Igreja Maná com a conclusão de um processo instaurado pelo Ministério da Justiça onde foram detectadas “violações sistemáticas” da lei angolana e da ordem pública (leia mais).
Numa entrevista concedida à “Agência Lusa”, Jorge Tadeu garante que nem os dirigentes da Igreja Maná em Angola – o bispo Joaquim Muanda e o bispo Miguel Carvalho – nem os líderes em Lisboa foram “chamados, notificados ou acusados de coisa nenhuma”.
“Fomos apanhados de surpresa”, garantiu o líder religioso. “O nosso advogado diz que estamos procedendo bem. Vai impugnar o ato e está muito otimista porque nunca fomos ouvidos”, acrescentou.
O fechamento da Igreja Maná em Angola está sendo “religiosamente” cumprido. Seus principais locais de culto em Luanda estão totalmente fechados e com a polícia à porta, constatou a “Agência Lusa”.
O fundador e líder da Igreja Maná disse ainda que o decreto contém imprecisões, entre as quais a de que o processo é contra “a Igreja Maná representada por Jorge Tadeu”.
“Não está correto. Não represento a igreja lá. Temos igrejas legalizadas em vários países e cada uma tem a sua estrutura. É-lhes dada autonomia administrativa e financeira”, explicou.
Liberdade religiosa
Jorge Tadeu disse ainda que o decreto acusa a Igreja Maná em Angola de “usar a liberdade religiosa para praticar atos incompatíveis com a vida, atos contra a integridade física das pessoas, contra a dignidade das pessoas e contra a ordem pública”.
“É precisamente o oposto. As pessoas estão chocadas. Em termos bíblicos, fala-se de perseguição religiosa”, sublinhou ele, que inicialmente descartara essa possibilidade por ainda desconhecer o teor da alegação das autoridades angolanas para a decisão.
De acordo com o líder da Igreja Maná, esta situação é resultado de “um equívoco” e terá sido conseqüência de um “ato arbitrário de alguém que se deixou enganar”.
Abaixo-assinado
Em um abaixo-assinado intitulado “Defesa da liberdade religiosa e exercício de culto dos fiéis”, os membros da igreja pedem liberdade para expressarem a sua fé em público, uma maior abertura religiosa e que “não sejam impedidos de amarem Cristo da forma que entendam escolher como a mais adequada”.
“(…) Temos direito à liberdade de culto e seu exercício(…), uma vez que a Constituição refere que a liberdade de consciência é inviolável”, refere o abaixo assinado.
Instalada em Angola há 20 anos, a Igreja Maná tem, segundo Jorge Tadeu, naquele país “entre 600 a 900 igrejas”, a maior parte em Luanda e arredores, mais de 1.200 milhões de fiéis e um bom relacionamento com o governo.
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