A Igreja da Comunhão Cristã (ICC), no distrito Kalutara do Sri Lanka, foi atacada no Domingo de Páscoa, causando danos e prejuízos ao prédio da igreja. O último ataque soma mais de 146 igrejas atingidas desde janeiro de 2003. Sessenta desses ataques ocorreram nos últimos quatro meses. A igreja ICC na vila de Wadduwa foi forçada a assinar um acordo de fechamento temporário em janeiro de 2004 após uma multidão de aldeões atacarem a igreja em dois domingos consecutivos.
Entretanto, o pastor e os membros da igreja foram resolutos em realizar os cultos após o final de semana de Páscoa, afirmando, Quanto tempo podemos continuar assim, mantendo esta igreja fechada?
O pastor Sunil conversou com a polícia local a fim de se aconselhar antes de retomar os cultos na Sexta-feira Santa. A polícia aconselhou-lhe que não retomasse, mas os membros da igreja estavam ansiosos por comunhão após estarem restritos em pequenos grupos caseiros nos últimos três meses.
O culto na Sexta-feira Santa foi realizado sem qualquer tumulto. Contudo, no Domingo de Páscoa, uma pequena multidão de aproximadamente trinta pessoas, lideradas por um monge budista influente da vila, interrompeu a reunião de cem membros da igreja.
Durante o início do culto, a multidão exigia que os membros da igreja deixassem o prédio. Eles também atiravam pedras, danificando as janelas de vidro. O pastor e outros membros da igreja, incluindo algumas das mulheres, foram esbofeteados e surrados com bastões enquanto saiam da igreja. Pais tentavam proteger seus filhos amedrontados, e por isso, poucas crianças estavam entre as dez pessoas feridas no ataque.
A igreja desde então fez um registro policial na delegacia de polícia de Wadduwa. Poucos membros da multidão foram detidos, entretanto, foram soltos mais tarde com o consentimento do pastor.
Os problemas atuais na igreja ICC iniciaram no dia 28 de dezembro de 2003 - poucas semanas após a morte de Ven. Gangodawila Soma, morto no ano passado, era o monge budista que encabeçava uma campanha para introduzir leis anti-conversão no Sri Lanka. Um boato foi logo espalhado pela comunidade budista reivindicando que os cristãos fossem responsáveis pela morte de Soma, apesar de três autópsias oficiais mostrando que Soma havia morrido de causas naturais.
Em resposta, o Presidente Chandrika Kumaratunga requeriu um guarda policial nas igrejas nos cultos de véspera de Natal e Dia de Natal. Entretanto, monges locais ordenaram muitos pastores por todo o país a cancelar cultos, como sinal de respeito a Soma.
A congregação do Pastor Sunil se reuniu para os cultos, como de costume, no dia 28 de dezembro. Eles foram interrompidos por uma grande multidão de cerca de trezentas pessoas, lideradas por três monges budistas, que invadiram a igreja. Um dos monges subiu ao púlpito e ordenou que o pastor parasse com a reunião.
Um membro da igreja apanhou um telefone celular para chamar a polícia, mas o monge no púlpito gritou para ele parar. O telefone foi furtivamente passado para um outro membro da igreja que saiu da sala às pressas para ligar para a polícia.
A polícia chegou cinco minutos mais tarde, mas foi incapaz de controlar a multidão. De acordo com o Pastor Sunil e sua esposa, a multidão era impetuosa, corria dentro do prédio destruindo as coisas. Eles gritavam e explodiam bombinhas a fim de amedrontar os cristãos.
A multidão ficou por duas horas dizendo que eles não partiriam até que todos os cristãos tivessem ido para casa. O pastor alegou que algumas pessoas na multidão estavam portando soqueiras de metal, bastões e barras de ferro, e tinham ameaçado destruir o prédio.
Havia crianças conosco, então eu achei melhor pedir que os cristãos fossem embora, afirmou Sunil. Duas horas após o ataque ter iniciado, os cristãos partiram, e a multidão dos aldeões budistas finalmente dispersou. Naquela noite eu fiz uma queixa de invasão de propriedade na polícia para minha segurança futura, contou o pastor. A polícia me aconselhou a não realizar os cultos novamente por causa da oposição, contudo os cristãos estavam muito entusiasmados, e eu os convidei para que viessem no domingo seguinte.
Durante aquela semana, a igreja foi atacada à noite e pedras foram jogadas nas janelas, quebrando duas vidraças.
No domingo seguinte, eu mantive algumas das minhas pessoas no portão principal, algumas no escritório da igreja, e outras na porta dos fundos, afirmou Sunil. Porém, nós fomos atacados novamente, desta vez por uma multidão muito maior - tantos que nós não conseguimos contar.
Na verdade, havia tantas pessoas que um deles nos perguntou, 'Por que vocês não estão com medo?' Uma de nossas irmãs respondeu, 'Porque, mesmo se vocês fecharem as portas de nossa igreja, vocês não poderão tirar Jesus de nossos corações.'
Vários policiais armados com gases lacrimogêneos chegaram em uma caminhonete, mas a multidão atacou o veículo e a polícia teve que retirá-la do local. O policial encarregado fez os monges budistas que estavam liderando a multidão prometer que ninguém fosse atingido. Desta forma, pediu-se que os membros da igreja fossem embora e o pastor foi levado a delegacia de polícia para arquivar a denúncia. Cerca de cem aldeões também foram à delegacia de polícia para fazer uma reclamação contra a igreja.
Dando seguimento a este incidente, representantes da igreja e do templo budista local tiveram que assinar um acordo afirmando que a igreja suspenderia temporariamente os cultos. Contudo, nenhuma data foi estabelecida para o retorno dos cultos.
Desde que o acordo foi assinado, os membros da igreja têm realizado suas reuniões em pequenos grupos caseiros em várias áreas ao redor de Wadduwa. Isto torna mais difícil o nosso trabalho, comenta Sunil.
Monges budistas também têm questionado o estatuto legal da igreja, que está registrada sob a Lei da Empresas ao invés de instituição religiosa. Esta é uma prática comum das igrejas no Sri Lanka, e até que os monges possam modificar as leis nacionais, a ICC estará legalmente registrada e tem uma licença oficial para prédio, emitida em 1998.
Para o futuro do ministério, Agora estamos receosos em dizer alguma coisa às pessoas porque nós não sabemos se elas estarão abertas ao Evangelho ou não, afirma Sunil. Mas nós não desistimos.
Ele ainda se lembra dos dias que, como um adolescente budista, ele costumava discutir com cristãos sobre sua teologia. Mas, quando eu estava discutindo com essas pessoas, eu percebi quem era Jesus, ele acrescenta. O budismo realmente não responderá essas questões sobre como o mundo começou, ou sobre o pecado. É por isso que nós temos que continuar pregando o evangelho.
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