Conflitos entre paramilitares e guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em Chocó, Colômbia, diminuíram durante a Semana Santa. Mas os cristãos de lá, abatidos pela guerra, sabem que não podem contar nem mesmo com poucos dias de paz nesta região hostil próxima à fronteira com o Panamá.
Começando em outubro, uma onda de conflitos em três vilas de Chocó obrigou cerca de 550 pessoas a deixarem suas casas. Muitas delas são cristãs. As Nações Unidas consideram os três milhões de desabrigados na Colômbia como a segunda maior população de refugiados internos após o Sudão, que é estimada entre 3.7 e 4.5 milhões.
Na vasta floresta no norte de Chocó, guerrilhas da FARC mantiveram três trabalhadores da Missão Novas Tribos como reféns desde 1993, até que foram assassinados três anos depois.
O grupo indígena OREWA, com base em Chocó, conta com grupos ilegais armados para respeitar vidas, honra, terras e outras propriedades daqueles quatrocentos mil que vivem na região destruída pela guerra. As pessoas são predominantemente negras e 75% dos moradores vivem abaixo da linha da pobreza, fazendo Chocó a região mais pobre da Colômbia. Uma grande parte de Chocó só é acessível através do rio.
Uma nota da OREWA notou a presença de guerrilhas FARC nas vilas indígenas de Egoróquera, Union Baquiaza e Playita, e a correspondente resposta armada dos paramilitares. A força militar começou a controlar o trânsito de bens e produtos que os moradores da vila produziam, mas não controlou a ação dos grupos armados ilegais na área. Como em muitas partes da Colômbia que não têm presença institucional no governo, o estado tem feito pouco para proteger estas comunidades.
Asdreubal Manzo é presidente da Associação dos Ministros Evangélicos de Chocó e pastor da Igreja Emannuel, uma congregação de 230 pessoas em Quibdó. Ele estima a sua população em cem mil habitantes, uma quantia que não inclui os desalojados. Ninguém sabe quantas pessoas desalojadas vivem nas comunidades clandestinas que se espalharam nos subúrbios da cidade.
Ninguém sabe também quantos cristãos na Colômbia foram desalojados na longa guerra civil das quatro últimas décadas. Manzo disse que das 35 famílias na sua igreja, cerca de um terço delas estão desalojadas. Eles fugiram de suas casas e terras e vieram à cidade procurando por uma vida melhor.
Mas, como a maioria das cidades na Colômbia, o desemprego continua alto em Quibdó. Asdreubal diz que as igrejas estão fazendo o que podem para qualificar aqueles que não têm como viver na cidade. Não é fácil. A igreja tem poucos recursos para um trabalho tão grande. Aproximadamente doze denominações evangélicas e a Igreja Católica Romana estão presentes em Quibdó e na região de Chocó.
Forçados a deixar suas terras
Enquanto a igreja procura mediar a paz com as facções guerrilheiras, a Guerra tem mudado a estrutura social desta região para sempre. Eles são praticamente obrigados a abandonar suas terras e viver na cidade, disse Asdreubal. A insegurança é grande.
A maioria dos desalojados acredita que a segurança pode ser encontrada em números, morando em uma cidade ao invés de em áreas rurais pouco povoadas onde eles estão mais vulneráveis ao ataque. Em algumas comunidades onde o conflito é grande, os cristãos são o alvo, diz Asdreubal. O exército e as facções guerrilheiras acusam cristãos de serem aliados ao grupo rival.
É aí que os cristãos sofrem abuso, porque os grupos em conflito acreditam que eles são cúmplices de um ou de outro, disse ele.
Asdreubal disse que a igreja se mantém firme às suas convicções anti-violência. É parte da perseguição que a igreja deve tolerar, preparando cada cristão para permanecer mais forte na fé. Entre tudo isso, lutamos para preparar a igreja e os líderes e nos mantermos leais ao Senhor.
O pastor de 46 anos veio a Cristo ainda jovem através do trabalho de uma missionária norte-americana. A região onde ele cresceu é agora um campo de batalha. A missionária e seus colegas trabalhadores cristãos estrangeiros partiram há alguns anos quando se tornaram possíveis alvos no conflito armado.
Lembro-me com nostalgia do que eles fizeram, disse Asdreubal, acrescentando que ele viu mais sonhos concretizados para a sua cidade. A comunidade internacional, incluindo a Cruz Vermelha, enviou ajuda. Um médico com o ministério internacional Cristo para a Cidade recentemente uniu-se a outro médico que trabalha em Chocó com outra agência cristã sem fins lucrativos. A vida continua difícil em Quibdó, mas Deus nos provê.
Que bom sermos um no corpo de Cristo, disse Asdreubal. Somos gratos às suas orações.
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