Foi sepultado ontem, em São Leopoldo, o corpo do professor Dr. Joachim Herbert Fischer, 78 anos. Ele ministrou aulas e acompanhou a formação de pastores e pastoras que passaram pela Faculdade de Teologia, depois Escola Superior de Teologia, no Morro do Espelho, nesta cidade.
Fischer foi internado, na semana passada, em Porto Alegre por causa de problemas cardiovasculares. Passou por intervenção cirúrgica, mas não resistiu à insuficiência no sistema circulatório e veio a falecer no sábado à noite, por volta das 19h15. Ele foi velado na capela da Casa Matriz de Diaconisas, no Morro do Esperlho.
O pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Walter Altmann, que foi aluno de Fischer na Faculdade de Teologia, depois colega no corpo docente da instituição, agradeceu a contribuição que ele deu à igreja e à educação teológica.
Altmann lembrou que Joachim Fischer, nascido em Falkenau, Saxônia, em 8 de abril de 1930, ultrapassou fronteiras, não apenas geográficas, com a cortina de ferro e cruzou o Atlântico, mas também fronteiras culturais. Ele deixou a Saxônia após a guerra, para formar-se em Teologia pela Universidade de Erlangen. Já numa Alemanha dividida, não retornou mais para sua terra natal.
Doutorou-se em História da Igreja. Foi ordenado pastor em Speyer, Alemanha, em 22 de maio de 1960, e em agosto daquele ano assumiu a cátedra de História Eclesiástica na Faculdade de Teologia, em São Leopoldo.
Casou-se no Brasil com Ingrid Graustein Fischer e tiveram duas filhas, Martina e Andrea. No Brasil desenvolveu pesquisas na área da História e foi enterrado em terras brasileiras, como pastor da IECLB. Aposentou-se do magistério em julho de 1992.
Na verdade, jamais se aposentou da pesquisa. O ex-presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), pastor Gottfried Brakemeier, contou, na cerimônia de despedida na capela da Casa Matriz, que recebera de Fischer, recentemente, o livro “Reforma, renovação da Igreja pelo Evangelho”, que foi um de seus últimos livros, “uma obra de mestre”, disse.
O reitor das Faculdades EST, pastor Oneide Bobsin, outro ex-aluno de Fischer, lembrou o livro que seu antigo professor escrevera, intitulado Pedras Vivas. “Fischer foi uma dessas pedras vivas da Igreja e da instituição de ensino”, destacou o reitor.
Joachim Fischer também foi homenageado pelo Instituto Histórico de São Leopoldo, pelo Arquivo Histórico da igreja e pelo ex-aluno Donário Bencke, da primeira turma assumida por Fischer na Faculdade de Teologia. Bencke lembrou as leituras que o docente fazia com os estudantes em latim. “Ele foi um amigo dos estudantes”, comentou.
“Deus sabe a quantas pessoas seus ensinamentos, em palavra e ação, serviram de modelo”, escreveu o secretário do Ministério com Ordenação da IECLB, pastor Edson Streck, frisando que Fischer foi homenageado pela EST com o título de doutor honoris causa. Organizado, perseverante e humilde, Fischer chegou a dizer para Brakemeier que não era merecedor de tal honraria.
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