A decisão de um grande grupo de defesa ao aborto quanto a endossar a candidatura do senador Barack Obama, do Illinois, à presidência pelo Partido Democrata causou tumulto entre algumas das afiliadas regionais da organização e outros defensores do diretor ao aborto.
Muitos deles disseram que o histórico de votação da senadora Hillary Clinton, de Nova York, quanto aos direitos reprodutivos era tão bom quanto o de Obama, e que não havia necessidade de a organização tomar partido na disputa interna dos democratas.
O apoio do grupo, Naral Pro-Choice America, anunciado na quarta-feira, representa um revés para a campanha Clinton, que contou com o apoio da organização ao longo de toda a sua carreira política. Clinton declarou em entrevista à rede de TV BNC, na quarta-feira, que estava decepcionada por não contar com o endosso da Naral.
Os partidários de Clinton na blogosfera estão alegando que o anúncio foi uma ofensa gratuita e inoportuna contra Clinton, que já está enfrentando o provável fracasso de sua busca da indicação presidencial. O anúncio surgiu no mesmo dia em que Obama recebeu o apoio do ex-senador John Edwards, da Carolina do Norte, e os partidários de Obama saudaram a decisão como nova prova de que a luta pela indicação estava chegando ao final.
Em um sinal de sua crescente confiança, Obama, que na quarta-feira obteve também o apoio de mais quatro dos superdelegados democratas, entre os quais o deputado Henry Waxman, da Califórnia, tirou um dia de folga em sua campanha. Clinton passou a tarde em Dakota do Sul, debatendo sobre política agrícola, antes de embarcar para Los Angeles, onde participaria de um evento de arrecadação de fundos.
Ao fazer o anúncio do apoio da Naral, Nancy Keenan, presidente da organização, disse que Obama, que lidera em número de delegados eletivos conquistados e pode se declarar nomeado já na terça-feira, era o candidato mais viável. Ela alegou que era importante fazer o anúncio agora porque o senador John McCain, republicano do Arizona, candidato presuntivo do Partido Republicano e inimigo do direito ao aborto, estava “escapando sem críticas”.
Os nove membros do comitê de ação política no conselho da Naral estavam divididos quase igualmente entre o apoio aos dois candidatos, disse Elizabeth Schipp, diretora política da Naral. Depois de um vigoroso debate telefônico na sexta-feira passada, eles aprovaram por unanimidade o apoio a Obama, e também que só anunciariam sua decisão depois da primária da Virgínia Ocidental, que aconteceu na quarta-feira.
Schipp disse também que o conselho tinha a sensação de que o apoio a um político negro, em uma ocasião importante como a que o país vive, poderia ajudar a organização a moderar sua imagem como uma espécie de clube reservado às mulheres brancas.
“Será que isso procedia, no passado?”, perguntou Schipp. “Sim. Será que acredito que o rosto do movimento pró-escolha mudou, hoje, e espero que a Naral desempenhe um papel quanto a isso? Pode apostar”.
Os afiliados que protestaram a decisão incluem a divisão da Naral em Nova York, o Estado representado por Clinton, além dos representantes do Missouri, Oregon (que realiza sua primária na semana que vem), Pensilvânia, Texas e Washington. Alguns deles disseram que não viam necessidade de a organização dar as costas a Clinton em um momento como o atual.
Alguns defensores do aborto no Missouri ficaram tão inconformados com a decisão que a divisão local da Natal fez 8,5 mil telefonemas declarando sua neutralidade na disputa, por meio de um sistema de telefonemas automáticos.
“Entre os grupos que nos apóiam, muitas defensoras veteranas dos direitos da mulher são partidárias de Clinton há muito tempo”, disse Pamela Sumners, diretora executiva da Naral no Missouri, ao New York Times. “Se tivéssemos sido consultadas, teríamos respondido que era melhor esperar o resultado da disputa sem interferir”.
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