Imagens, mensagens de Deus e orações em órgãos públicos como câmaras municipais estão com os dias contados se um pedido da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) for atendido. A cidade na mira por enquanto é Bady Bassitt, no norte do estado de São Paulo, a 10 km de São José do Rio Preto.
O tradicional crucifixo que fica no plenário da Câmara da cidade virou alvo de inquérito do Ministério Público de Rio Preto a pedido da Atea. A discussão promete se alastrar para outras cidades da região.
Na ação o advogado da Associação diz que ao manter uma imagem religiosa no parlamento, a Câmara representa favorecimento religioso, não só em detrimento do interesse público, mas também pela natureza laica do Estado Brasileiro que não permite que, quaisquer das entidades autônomas da federação, façam proselitismos religiosos de qualquer forma.
O MP abriu inquérito e diz que a representação é bem fundamentada. “Eu sugeri que os vereadores retirem o crucifixo, já que é uma discussão inútil, pois a Lei tem que ser cumprida”, diz o promotor de justiça, Claudio Santos de Moraes.
Em entrevista a Gazeta, o presidente e fundador da Associação, Daniel Sottomaior, afirma que o pedido de retirada da imagem de Bady Bassitt surgiu através de uma denúncia. “Toda a denúncia é apurada, mas neste caso recebemos fotos que comprovavam o descumprimento da lei. São questões básicas que fazemos como quem pagou por aquela imagem? Com qual dinheiro foi comprado uma imagem? Todas as religiões e crenças devem ser respeitadas”, afirma.
O presidente da Câmara de Bady Bassitt, Antonio Damasio, explica que ainda não foi comunicado pelo MP. “Estamos aguardando a comunicação, mas é uma situação delicada, pois a maioria da nossa população tem alguma religião. Essa cruz acompanha nossa Casa de Leis há mais de 40 anos”, diz.
A questão é polêmica e na maioria das cidades da Gazeta existem imagens e crucifixos em seus plenários. Na câmara de Potirendaba, além de existir o crucifixo na porta de acesso ao plenário, toda a sessão se inicia com a oração do Pai Nosso e é declarada aberta e fechada em nome de Deus.
Segundo a presidente da Casa, Aglair Elizabeth Morelli, de anos para cá ocorreram mudanças por conta da religiosidade dos parlamentares. “Em cada sessão era lida uma palavra do evangelho, agora iniciamos com a oração do Pai Nosso. Eu acredito que pelo fato de existir várias religiões hoje isso está diferente, antigamente existia um predomínio da igreja católica, mas todas as religiões têm direito ao manifesto”, diz.
A presidente diz que ficaria muito chateada se determinassem a retirada da imagem da câmara de Potirendaba. “Eu acredito em Deus e por isso encerro e abro as sessões. Eu não concordo com isso, cada um deve buscar Deus da maneira que é bom pra si. Eu respeito todas as religiões e manifestações. Já tá difícil com todo mundo buscando Deus, imagine se a gente não buscar. Eu vou ficar muito triste e acredito que todos ficarão”, explicou.
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