Prevista para estrear no próximo dia 14 no teatro do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a peça musical “Jesus Cristo Superstar” motivou uma petição contra seu financiamento no Brasil, feito com recurso públicos através da Lei Rouanet.
A petição foi organizada pelo grupo católico “Associação Devotos de Fátima”, e recebeu também o apoio da “Associação Sagrado Coração de Jesus”, que divulgou nota de repúdio ao espetáculo, que obteve adesão de blogs e páginas no Facebook.
Endereçada ao Ministério da Cultura e à ministra Marta Suplicy, a petição já tem mais de 26 mil assinaturas e pede que o dinheiro dos contribuintes não seja utilizado para “violentar barbaramente a fé de milhões de pessoas”.
– Não é lícito ao Estado laico violentar barbaramente a fé de milhões de pessoas, promovendo, com o dinheiro dos contribuintes, o evento blasfemo que ocorrerá no dia 14 de março, com o lançamento da ópera-rock ‘Jesus Cristo Superstar – diz o texto da petição, que questiona ainda se o Ministério da Cultura financiaria projetos que atacassem outras religiões, ou até mesmo orientações políticas.
– Não creio que esse Ministério teria coragem de promover 1% de algo que criticasse Maomé (ou mesmo Fidel Castro!…) – diz a carta.
A mais de quarenta e três anos em cartaz nos Estados Unidos, o musical tem letras de Tim Rice e música de Andrew Lloyd Webber. No Brasil o espetáculo está sendo produzido pela T4F, e pela Takla Produções, e foi autorizada a captar R$ 5,7 milhões pela Lei Rouanet.
Membros das instituições católicas afirmam que a peça seria um ataque à fé cristã, e afirmam que a petição não é um pedido de censura, mas sim a manifestação de um direito de “pedir que nosso dinheiro não seja utilizado para atacar nossos valores e nossa fé”, como afirmou Marcos Luiz Garcia, de 60 anos, coordenador de campanhas da Devotos de Fátima.
Entre as críticas contra a peça estão a apresentação da história de Cristo “do ponto de vista de Judas”, e o uso de mulheres seminuas associadas ao relato bíblico de Jesus.
Apesar das críticas o padre Tarcísio Marques Mesquita, indicado pela Arquidiocese de São Paulo para falar sobre o tema, afirma que a obra não desrespeita a figura de Jesus e que até mesmo ajuda os cristãos a amadurecer sua fé.
– O musical faz uma atualização da imagem de Cristo, mas é uma ficção que deve ser lida como tal. Obras como esta, que trazem questionamentos sobre a fé, nos ajudam a amadurecer. Os religiosos também têm seus questionamentos. A única coisa é que achei aquelas cantorias meio chatas, para falar a verdade – afirma o padre, segundo a Folha de S.Paulo.
Em resposta à petição feita pelas associações católicas, o ministério afirmou apenas que “o musical foi autorizado em dezembro a captar via Lei Rouanet e se enquadra como ‘espetáculo teatral’”.
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