Prefeita de Rosana gravou encontro com empresário; ele está foragido. Trinta e seis pessoas, sendo seis vereadores, foram presos na quinta (6).
Uma gravação mostra como funcionava um esquema de propina no município de Rosana, no interior de São Paulo.
Na quinta-feira (6), 36 pessoas foram presas após uma investigação da Policia Civil e do Ministério Público. Entre os presos, estavam cinco vereadores e o presidente da Câmara de Rosana. Ainda há nove foragidos.
Um dos procurados é o empresário Rogério de Souza Phelippe, que aparece nas gravações. Com 30 anos de idade, Rogério de Souza Phelippe dirige um negócio com faturamento estimado em R$ 3 milhões por mês.
A prefeita do município, Aparecida Barreto, gravou um encontro com o empresário, ocorrido no dia 27 de setembro na casa da procuradora jurídica da cidade.
“Eu dou uma ajuda de R$ 3 mil, R$ 4 mil cada um”, diz o empresário sobre os vereadores. O município tem nove vereadores. Seis foram presos.
“Você deve estar com salário de R$ 6 mil, R$ 7 mil, que você recebe, não dá nem para o cheiro. Agora vamos dizer um contrato de R$ 470 mil, vai dar em torno de R$ 25 mil, você entendeu? R$ 30 mil. É uma base boa”, diz ele para a prefeita.
O empresário fala em como evitar suspeitas. “Você monta uma ONG, eu empresário vou lá e deposito na ONG, você é o dono da ONG, por trás você pega o dinheiro. Faz alguns beneficinhos lá, faz alguns cursinhos lá, acabou. Eu desconto do meu imposto de renda e você se beneficia, é a única forma, da forma legal”, disse.
O esquema também envolveria aditivos nos contratos. O valor de um dos contratos, por exemplo, era de cerca de R$ 2,5 milhões. Primeiro, houve um aumento de R$ 624 mil. Depois, mais R$ 166 mil, R$ 112 mil, R$ 409 mil – 50% a mais do que o previsto inicialmente. Tudo com aprovação dos vereadores e aparentemente dentro da lei.
Troca de acusações
Ao assumir o cargo, há quatro meses, a prefeita Aparecida Barreto enxugou a máquina pública. Demitiu funcionários contratados sem concurso, suspendeu contratos que considerava irregulares e entrou em atrito com a Câmara.
Vereadores a acusaram de envolvimento com uma série de irregularidades e abriram um processo de cassação.
A prefeita Aparecida Barreto nega que tenha cometido irregularidades. Disse que iria contra seus princípios religiosos se aceitasse o dinheiro. “Tenho fé em Deus que a gente vai conseguir mudar a nossa história e o povo vai se orgulhar de falar que mora no município de Rosana”, afirmou ela.
Nesta semana, deve haver uma reunião de emergência pra definir se os suplentes dos vereadores presos vão assumir a Câmara Municipal.
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