O relatório sobre liberdade religiosa do Departamento de Estado norte-americano de 2007, divulgado no dia 14 de setembro, chama atenção para a perseguição aos cristãos perpetrada pelo regime militar de Mianmar (ou Burma, a antiga Birmânia).
Identificado como um “país de preocupação particular” por suas violações severas à liberdade religiosa desde 1999, Mianmar é um país budista. Quase 90% dos 54 milhões de habitantes seguem o budismo, de acordo com estatísticas oficiais.
Porém, a perseguição religiosa neste país do sul da Ásia é vinculada ao governo militar — cujo regime linha-dura motivou diversas manifestações nas últimas semanas que ganharam as manchetes dos jornais com a ajuda de monges.
“Mianmar não possui uma religião estatal, mas na prática o Estado promove a seita budista theravada e persegue os cristãos étnicos e minorias muçulmanas, inclusive variações sectárias do budismo”, segundo o relatório.
População cristã
Cristãos formam 6% da população total ou 3,24 milhão aproximadamente, o que inclui batistas, anglicanos e principalmente os católicos romanos.
“O cristianismo é a religião dominante entre certos grupos étnicos do país, como os kachin da região do norte , os chin e os naga da região ocidental. Entre os karen e os karenni, grupos étnicos da regiões sul e oriental, o cristianismo é extensamente praticado, entretanto não chega a ser uma religião dominante.”
“Apesar da sanção crescente por parte do governo dos EUA e da pressão internacional constante, Mianmar não fez as reformas políticas ou corrigiu seu registros no que se refere aos direitos humanos”, constata o relatório.
Especialistas em relações internacionais sugerem que a situação está se deteriorando em Mianmar “por causa das relações econômicas e militares que estão se expandindo com os seus vizinhos Índia e China. Como resultado da crise política global, a liberdade religiosa permanece uma realidade distante”.
O relatório sobre liberdade religiosa do Departamento de Estado norte-americano de 2007 cobre o período de 1º de julho de 2006 a 30 de junho e coincidiu com as demonstrações pró-democráticas sem precedentes no país, após a decisão do governo de aumentar o preço dos combustíveis em até 500%.
O relatório indica várias preocupações com a minoria cristã em Mianmar – um nome batizado pelo regime militar, mas rejeitado pelos que defendem a democracia no país.
Controle sobre locais de culto
Em Mianmar, antiga Birmânia, todas as organizações religiosas têm que se registrar junto ao governo “por razões práticas”. Isso porque são permitidas só a organizações registradas comprar ou vender propriedades ou abrir contas bancárias.
O relatório afirma que “secretamente e publicamente” o governo monitora reuniões e atividades de organizações religiosas. Além de desencorajar e proibir grupos religiosos minoritários para construir lugares novos de adoração.
“Em alguns casos, funcionários do governo destruíram lugares de culto”, diz o texto, somando que grupos cristãos continuam enfrentando dificuldades para obter permissão para consertar os lugares de cultos existentes ou construir novos.
O país é governado por regimes militares desde 1962. A atual junta ascendeu ao poder depois de reprimir protestos pró-democracia em 1988. Mais de 3.000 pessoas morreram na repressão daquele ano.
Os generais convocaram eleições em 1990, mas se recusaram a ceder o poder quando a líder pró-democracia Aung San Suu Kyi saiu vitoriosa no pleito. Ela passou quase 12 dos últimos 18 anos em regime de prisão domiciliar.
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