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Famoso pastor afirma: "Muitos pastores de jovens estão divulgando algo em que não acreditam"

Rob Bell é o pastor fundador da Igreja Mars Hill em Grand Rapids, Michigan. Seu livro mais recente é Drops Like Stars: A Few Thoughts on Creativity and Suffering [Lágrimas são como estrelas: Alguns pensamentos sobre criatividade e sofrimento]. Pós-graduado pelo Wheaton College e pelo Seminário Teológico Fuller, Bell é um dos pregadores mais populares entre os jovens no momento. Para muitos, ele se tornou conhecido pelo trabalho criativo e provocador que fez na série de vídeos NOOMA (som que lembra a pronúncia de pneuma, palavra grega para “espírito”), usados por igrejas em todo o mundo.

Em entrevista ao YouthWorker Jornal, ele falou sobre a situação atual de muitas igrejas.

YouthWorker Jornal: Quais são as ferramentas específicas que os pastores precisam usar para ter um ministério eficaz? Na minha época, se soubesse tocar guitarra e gostasse de fazer jogos com os jovens, seria um forte candidato para a vaga. Se conseguisse falar algo sobre um versículo da Bíblia no final de alguma atividade, alcançava 100% de seu objetivo. Quais são as fórmulas mágicas atuais para o ministério, sobretudo com os jovens?

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Rob Bell: Não começaria me perguntando: “Como você faz o ministério acontecer?” Eu começo com: “Que tipo de pessoa você é?” Vamos usar a sua própria experiência com o Cristo ressurreto. Se um jovem pastor indaga: “como posso criar um ambiente seguro onde meus jovens consigam lidar com suas próprias dores?”, digo que devemos falar primeiro sobre a sua própria experiência, como enfrentou o divórcio dos seus pais ou algo assim. Vamos falar sobre como Cristo o ajudou a sobreviver a isso. Muitas vezes espera-se que, se alguém toca violão e lidera um trabalho, então esse líder se livrou de um monte de fardos que estava carregando. Quem não tem alguma história para contar sobre uma pessoa próxima que já passou por um grande problema espiritual, emocional ou sexual?

YWJ : OK, agora as fórmulas mágicas, por favor.

RB: A norma dominante para se avaliar o ministério nas igrejas é a produção, não o discipulado. Resume-se a fazer as pessoas continuarem a pensar: “Como estão os números?” Nos evangelhos, sempre houve grandes multidões. Algumas vezes, Jesus deu um ensinamento difícil e que assustou a multidão. Ele sabia qual era o melhor momento para isso. Lembre-se de João 6.56: “Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue está em mim, e eu nele” (NBV*). Legal. Muito acessível para os jovens… Há um certo padrão, onde Jesus estava tentando descobrir quem levava as coisas a sério. Alguns pastores vivem uma situação na qual seus salários são baseados em quantas pessoas frequentam as reuniões da igreja. No entanto, quando lemos os evangelhos percebemos que todo o sistema parece estar indo na direção oposta. Muitos pastores de jovens que conheço estão divulgando algo em que eles não acreditam.

YWJ : Como o quê?

RB: O pastor sênior deseja que ele incentive os jovens a participar de um culto onde há um sermão, parte de uma série de sete semanas, sobre levantar fundos para construir um prédio gigante. Os jovens não querem saber disso. Ao mesmo tempo, muitos estão usando um bracelete vermelho e falam sobre prevenção da AIDS ou de abrir poços de água em lugares como o Sudão. Então muitos acabam se vendo em meio a uma engrenagem que diz que a preservação desse sistema é a grande prioridade. Contudo, olham ao redor e veem estes grandes problemas de injustiça social, que exigem uma resposta dessa geração, que eles façam algo a respeito. Adivinha o que eles fazem?

YWJ: Então, a chave de um ministério efetivo entre jovens é entender o que o pastor vive em dois mundos que contradizem um ao outro?

RB: O problema para um pastor ou líder de jovens é que ele ou ela tem esses impulsos e muitas vezes sequer pode defendê-los, especialmente com argumentos teológicos ou bíblicos, pois na reunião de liderança da igreja frequentemente eles não se encaixam no paradigma. Então, diria que a primeira coisa que precisamos dos pastores e líderes de jovens é coragem. Coragem para serem homens e mulheres com vidas santas.YWJ: Podemos voltar para a parte profissional do ministério e como conseguir que milhares de jovens participem de nossos programas?

RB: Eu trabalho a partir de um pressuposto diferente. Entendo que as verdadeiras questões estão ligadas ao interior, não ao exterior. Observe o que os últimos séculos fizeram conosco, com a invenção de máquinas e mecanismos em que você aperta um botão e as coisas andam. Isso criou metáforas da produção e da indústria que são aplicadas às questões espirituais. Logo, perguntamos no exercício do ministério: “Como você faz seu grupo de jovens crescer? Como você alcança esses jovens? Que técnicas, habilidades e estratégias externas preciso usar para fazer A e B para então chegar até C?” As verdadeiras questões são, em primeiro lugar sobre o seu próprio interior, o seu próprio relacionamento com Jesus, a maneira como o Espírito de Deus está curando e restaurando todas coisas. As maneiras que você está experimentando o Cristo ressurreto em mil lugares diferentes.

YWJ: Por que muitos pastores começar bem mas, em seguida, se queimam e o ministério acaba?

RB: Isso remete a uma compreensão do que é mais importante: produção ou discipulado. Quando Jesus lidava com as multidões, depois se retirava para um lugar solitário e orava. Como a multidão aumentava, seu ritmo de “ligar e desligar” parecia aumentar. Em nossa cultura, quanto maior a multidão, mais você precisa trabalhar. Quando alguém passa do modelo de produção para o de discipulado, uma das perguntas é: “Isso é sustentável? Estou vivendo a vida que estou pregando e experimentando as coisas que estou convidando os outros a experimentar?”

YWJ: Como seria esse momento de se “desligar” nos dias de hoje?

RB: Bem, não trabalhar no sábado é um exemplo. É uma arte perdida. Há uma razão para que essas disciplinas antigas sejam absolutamente necessárias. Basta perguntar a um pastor de jovens ” qual dia da semana você não atende o celular e não responde e-mails?” Quando eles perguntam: “O que você quer dizer com isso?” Então eu respondo: “Ligue-me daqui a quatro anos, quando você estiver queimado”. O rabino Heschel disse que o sábado dá ao mundo a energia espiritual de que necessita para existir por mais seis dias. Há algo místico e prático sobre as disciplinas, como o sábado e a oração de centramento. Tudo isso confronta os “deuses da produção”.

YWJ: Como você consegue não se submeter aos “deuses da produção”?

RB: Tenho limites muito claros. Existem milhares de coisas que eu não faço. Minha esposa e eu somos rígidos em relação a sustentabilidade. Minha tendência é trabalhar o tempo todo, e isso tem sido um pouco difícil para mim. Sábado é dia de descanso, e eu faço o café da manhã para os filhos e e jantamos juntos todas as noites. Não participo mais de conferência de pastores há anos. Deus está no fundo do vale, bem como no alto da montanha, e realmente o vale é onde passamos mais tempo. Essa ideia de que Deus só pode ser encontrado lá em cima… Para mim, Deus é encontrado quando preparamos o almoço dos filhos, levando-os à escola e ajudando-os nas tarefas de casa; cozinhando macarrão e levando o cachorro para passear.

YWJ: Então, celebrar o sábado é uma ferramenta para o ministério?

RB: Se você está ocupado demais, esgotado, em crise, quem vai querer o seu evangelho?

YWJ: Vários ministros trocaram suas guitarras por câmeras de vídeo, sem dúvida influenciados pelos vídeos que você fez. A capacidade de fazer um grande vídeo é “a” nova habilidade dos pastores de jovens?

RB: A capacidade de fazer grandes vídeos e curtas-metragens tem sido valorizada de maneira exagerada. Shane Hipps tem um novo livro chamado Flickering Pixels [Pixels piscando], em que descreve como os líderes e pastores de jovens pastores começam a usar novas ferramentas e como elas acabam nos moldando. Quando você coloca uma mensagem em um filme, por exemplo, não é a mesma coisa, agora é uma mensagem nova. A própria forma usar um meio faz parte da mensagem.

YWJ: E os vídeos Nooma que você fez?

RB: Quando alguém vê os filmes do Nooma, acha que me conhece, mas não sabemos nada uns dos outros. Nunca nos encontramos. O filme dá uma falsa sensação de intimidade. Felizmente, uma verdade maravilhosa pôde ser comunicada, as pessoas foram tocadas, eles vão tratar de algumas questões mais a fundo, mas existem tantas outras coisas acontecendo por aí e precisamos estar atentos.

YWJ: Quais livros moldaram você?

RB: É uma longa lista: A conspiração divina, de Dallas Willard. Ultimate high conta a história de um explorador sueco que foi de bicicleta de Portugal até o Monte Everest, sem levar oxigênio suplementar; ele carregou em sua bicicleta tudo o que precisava e escreveu um livro sobre isso. Muitas obras católicas. Fui profundamente influenciado por A holy longing.

YWJ: O que anima você, o inspira no trabalho que você faz como um pastor, pai, escritor?

RB: Tenho uma vida que considero realmente feliz. Sempre fui compelido por Jesus. Sempre o achei fascinante. Todo mundo tem uma regra de vida. Encontrei no Cristo Ressurreto uma ordem e um estilo de vida pelos quais vale a pena morrer. Eu oro muito, descanso muito e leio muito

Fonte: http://noticias.gospelmais.com.br/pastor-muitos-jovens-divulgando-algo-acreditam.html


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