As 36 famílias evangélicas do povoado de San Nicolas, no município de Ixmiquilpan, continuam vivendo na incerteza, sob a ameaça de serem expulsas do local pela maioria tradicionalista católica, depois do fracasso das negociações realizadas na quarta-feira pelo governo do Estado desta capital.
Segundo o periódico "La Jornada", católicos e evangélicos não entraram em acordo. Católicos insistem em rechaçar as pretensões dos evangélicos de erguer templo na localidade. Os evangélicos alegam que, além de sofrerem ameaças, também estão proibidos de se reunir para professar sua fé.
A reunião dos dois grupos, a primeira desde que estourou o conflito no início de outubro, quando uma assembléia comunitária do povoado decidiu a expulsão das 36 famílias evangélicas, foi encabeçada pelo diretor de Assuntos Religiosos da Casa Civil, Francisco González Perrioni, e o secretário de Estado, Francisco Olivera Ruiz.
Guillermo Cano, representante dos cerca de 500 evangélicos que vivem no povoado, que tem ao todo cerca de 8 mil habitantes, criticou o governo federal, que não fez qualquer proposta durante a negociação.
No sábado, um grupo de crentes bloqueou a rodovia de acesso a Ixmiquilpan, entre a comunidade de Julián Villagran e Taxadhó, com trailers, caminhões, ônibus e carros particulares, em adesão à causa das famílias ameaçadas de San Nicolás.
A manifestação, que fechou a rodovia por mais de 6 horas, reuniu diferentes denominações evangélicas e de distintas comunidades. Estiveram reunidos ali pastores das igrejas de Nazaré de San Pedro Capula, Rei dos Reis, Beht-El, e Emmanuel.
A mesa de negociações da quarta-feira foi resultado da mobilização de protesto de centenas de evangélicos que, no dia 10 de outubro, postaram-se na Praça Juárez, em frente ao Palácio de Governo de Hidalgo, e pediram que as autoridades comunitárias respeitem a crença da minoria evangélica.
Os evangélicos reclamam o direito de professar sua religião sem sofrer discriminação de nenhum tipo, sem ameaças ou represálias. Eles alegam que em San Nicolas os católicos mantêm o controle do povo, a tal ponto que não lhes permitem nem mesmo enterrar seus mortos no cemitério local.
No dia 31 de outubro venceu o prazo que católicos deram para que evangélicos deixassem o local. Alguns católicos advertiram que não anunciarão a data do despejo e atuarão à noite ou de madrugada para evitar a presença de autoridades ou jornalistas.
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