Roubando veículos por mais de 30 anos, preso 21 vezes e 12 anos atrás das grades. Este é o histórico criminal de Ademir José de Souza, de 64 anos, fundador e presidente do Projeto Neemias, da Casa de Apoio ao Ex-presidiário e Moradores de Rua (Caep), entidade com seis anos de atividade em Joinville. Atualmente há cultos no local, onde no passado funcionava a Boate Pink House Night Club.
Nascido em Rio do Sul, Ademir conta que já esteve preso em São Paulo, Paraná, Blumenau, Itajaí e Joinville. Hoje, tem uma vida diferente daquela que antes do câncer, doença que descobriu quando estava preso em 2002. Segundo ele, a motivação da mudança de vida foi a evangelização que recebeu de um grupo na cadeia naquele mesmo ano.
— O homem só muda se ele se encontrar com Deus. O ladrão, o bandido, o assaltante, se não tiver um encontro com Deus, só tem duas saídas: é cadeia ou caixão — disse Ademir, que acredita ter sido transformado “do velho homem a uma nova criatura”.
Ele também é idealizador do Congresso de Ex-presidiários de Santa Catarina, que chega à sua 12ª edição neste ano. O congresso começou nesta quinta-feira, na Igreja Assembleia de Deus do bairro Comasa. Até a próxima terça-feira, 21 de junho, haverá cultos, sempre às 19 horas, com a presença de presbíteros — muitos deles ex-presidiários — com o objetivo de testemunhar o que vivenciaram.
Filho de sargento da Polícia Militar, Ademir é responsável pela Caep, que fica no Comasa, zona Leste de Joinville. Por ali, ele acredita que já passaram pelo menos mil pessoas, entre ex-presidiários e moradores de rua. As atividades de quem mora na casa são a manutenção, organização e limpeza do local.
Quando necessário, Ademir conta que também ajudam na mão de obra em serviços de fiéis da Igreja Assembleia de Deus, da qual é membro e recebe ajuda financeira para manter o projeto. Segundo ele, uma empresa parceira doa os alimentos para a casa. Doações espontâneas costumam ser recebidas também.
Às segundas-feiras, Ademir visita a Penitenciária de Joinville para fazer o que fizeram para ele um dia. Ele teme pelo que pode acontecer com quem está lá.
— Se não tiver um bom conhecimento no mundo do crime, ele pode entrar vivo e sair morto. O importante é que a gente tinha conhecimento e respeito de um para com o outro. Então, a gente nunca arrumou problema dentro da cadeia. Entramos de cabeça erguida e saímos de cabeça erguida. Não é para se exaltar, mas é o mundo do crime — conta.
Para Ademir, o sistema penitenciário é muito cruel. Defende que os presos têm de ser colocados para trabalhar, o que, segundo ele, vem sendo feito em Joinville.
— Mente vazia é a oficina do diabo. A cadeia não educa ninguém, só traz o conhecimento, a especialidade, no mundo do crime — revela Ademir.
"Não tem outro caminho se não for Jesus"
Além de Ademir, quem também deve participar do congresso são Júlio César Gonçalves e Thiago Rodrigues dos Santos. A motivação dos dois para abandonar a prática criminosa é a mesma: dizem ter aceitado a Jesus. Os dois moram na Caep, mas têm algumas diferenças.
Júlio César, com seus 54 anos, já ficou na cadeia por mais de dez anos. Ele foi preso por assalto e tentativa de homicídio e está em liberdade há seis anos. Ele é coordenador da casa há seis meses. Júlio revela que começou cedo no chamado "mundo do crime" com pequenos furtos em Curitiba. A esposa de Júlio era moradora de rua. Os dois se conheceram na Caep e se casaram ali mesmo. Outros cinco casamentos também foram realizados na casa.
Thiago Rodrigues tem 27 anos e nunca foi preso, mas já foi apreendido quando menor de idade. Chegou a ficar na Fundação Estadual para o Bem-estar do Menor (Febem, hoje chamada de Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente — Fundação Casa) por nove meses.
Ele veio de São Paulo há três meses e logo na primeira semana dormindo na rua foi aconselhado a procurar pela Caep. Thiago conta que era usuário de cocaína e maconha e chegou a ser ameaçado de morte. Durante um assalto, que fazia para comprar drogas, ele revela que um amigo chegou a apontar o revólver para ele. Foi aí que decidiu sair de São Paulo e vir para Joinville.
— Não tem outro caminho se não for Jesus — disse Thiago, que afirma ter largado as drogas há três meses. A família, que chegou a achar que o rapaz estivesse morto, ficou feliz ao saber da mudança de vida.
A Caep fica na rua Prefeito Baltazar Buschle, nº 1.715, no bairro Comasa. A Igreja Assembleia de Deus, onde será realizado o congresso, fica na rua Albano Schmidt, nº 4.016, no mesmo bairro, perto do Hospital Regional.
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