O ex-pastor do pré-candidato democrata à Casa Branca Barack Obama, Jeremiah Wright, disse que as recentes críticas a seus polêmicos sermões foram um ataque à “igreja negra” dos EUA.
Em coletiva de imprensa no National Press Club, em Washington, Wright disse desejar que a controvérsia gerada por seus comentários –envolvendo principalmente o fato de os Estados Unidos serem um país “fundamentalmente racista”– tenham um efeito positivo, ao fomentar a discussão sobre a questão da cor.
“Quem sabe começará um diálogo honesto sobre a raça neste país, um diálogo elogiável convocado por Obama”, disse Wright, que é pastor da Igreja Batista da Trindade Unida de Cristo, em Chicago.
O reverendo disse também que as igrejas negras norte-americanas, com séculos de história, podem passar finalmente de seu status de “invisível a valor inestimável”.
“Este não é um ataque a Jeremiah Wright. Não tem nada a ver com o senador Obama. É um ataque a igreja negra por gente que não sabe nada da experiência afro-americana”, disse ele, sobre as semanas em que seus sermões foram duramente criticados.
Wright afirmou também que Obama, imerso na batalha democrata pela nomeação, foi forçado a criticar seus comentários porque poderia perder as eleições se não o fizesse.
Polêmicas
Na coletiva de imprensa, Wright manteve as opiniões que iniciaram toda a controvérsia, no início do mês de março.
“Você não pode fazer terrorismo com outras pessoas e esperar que ele não volte”, disse, quando questionado sobre um sermão no qual disse que os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 foram uma retaliação à política externa dos Estados Unidos.
Ele também não se retratou de sua declaração de que o governo dos EUA criou o vírus da Aids para matar os negros. “Baseado no que ocorreu aos africanos neste país, eu acredito que o nosso governo é capaz de fazer qualquer coisa”.
O reverendo também foi questionado sobre seu pedido para que as pessoas presentes na igreja falassem “Deus amaldiçoe a América” no lugar do tradicional “Deus abençoe a América”. Ele disse que estava citando um oficial iraquiano.
“Deus amaldiçoa algumas práticas, e não há desculpas para algumas das coisas que o governo, e não o povo americano, fez. Isso não faz com que eu não goste da América ou seja não patriota”, justificou.
Sermões
Wright tornou-se uma figura pública quando gravações de seus sermões inflamados contra o governo dos Estados Unidos foram amplamente divulgados na internet e na televisão norte-americana.
Obama, que há 20 anos frequenta a ogreja de Wright e teve seu casamento e batizado de suas filhas realizados pelo pastor, reagiu a polêmica com um discurso sobre a questão racial que se tornou famoso.
Nele, Obama ressaltou a importância de se transcender as questões raciais do país, tema central de sua campanha. O pré-candidato também condenou a visão de Wright, com a qual disse não concordar.
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