Na manhã do dia 18 de maio, um pastor evangélico da cidade de Ismir deparou-se com uma cruz suástica pintada de vermelho na entrada de sua casa e com uma carta deixada debaixo da porta.
A carta trazia ameaças a Wolfgang Hade e sua família, exigindo que eles deixassem o país dentro de um mês. Cidadão alemão, Hade é casado com uma turca de origem cristã.
A carta questionava se Hade realmente era cristão ou se estava apenas sendo usado para atacar os valores turcos.
"Seus esforços de nos desgastar - como herdeiros de uma raça superior - e alienar-nos de nossos valores não vai levar a nada", declarava a carta.
Hade mora, com esposa e a filha, há três anos em Ismir, perto do epicentro do grande terremoto de 1999. A pequena congregação de 20 evangélicos se reúne em um sobrado adquirido pela fundação de seus pais em Istambul.
A Igreja Protestante de Ismir foi alvo de um violento ataque na noite que se seguiu ao natal do ano passado, quando um desconhecido começou a colocar fogo próximo a um dos muros da igreja.
"O objetivo era queimar toda a igreja" disse Hade ao Compass. "Havia sinais negros de queimado e a janela estava parcialmente quebrada, mas os destroços já foram removidos". Em três ocasiões diferentes, as janelas foram quebradas.
A polícia local investigou todos esses ataques e a igreja instalou barras de ferro para impedir danos às janelas. Mas depois que um coquetel Molotov foi atirado no segundo andar, no dia seis de fevereiro, líderes da igreja se reuniram com o assistente do governo local.
"Enviamos uma petição ao governador, e o jornal local publicou parte do episódio", disse Hade. "Logo depois os ataques cessaram. Até ontem".
As ondas de ataques em Ismir não são casos isolados. Nos últimos seis meses, grupos de pelo menos quatro cidades turcas também têm ameaçado a igreja protestante e seus obreiros.
Mídia lança crítica intensa
Ao mesmo tempo, a mídia turca tem criticado intensamente a atividade missionária. Até mesmo os ministros têm declarado suas opiniões, alegando que missionários estrangeiros tinham motivos políticos visando "danificar a paz social e a unidade turca".
O sermão aprovado pelo governo lido nas mesquitas nas orações das sextas-feiras, no dia 11 de março, alertou especificamente os muçulmanos contra os cristãos missionários, acusando-os de possuir uma agenda política e de "enganar e converter" as pessoas.
Apesar da imagem democrática apresentada pelo atual governo do país, na tentativa de fazer parte da União Européia, "seus comentários têm simplesmente posto mais lenha na fogueira do nacionalismo turco", observou Ihsan Ozbek, pastor em Ancara, da Aliança Protestante de Igrejas (APC) na Turquia.
Em Ancara, capital do país, o atentado à Igreja Internacional Protestante, na manhã do dia 21 de abril, foi investigado de maneira rápida e por policiais locais.
Os coquetéis Molotov lançados contra a igreja causaram um prejuízo de 10 mil dólares e poderiam ter destruído toda a igreja se uma das bombas não tivesse seu combustível esgotado, informaram os oficiais da polícia, que descreveram o ataque como "amador".
"Tem havido muitos incidentes de vandalismo antes disso", disse um membro da igreja. "As pessoas atiram pedras em direção às janelas do prédio da igreja, mas dessa vez foi pior". O líquido do combustível chamuscou o carpete da igreja e danificiou as paredes e o gabinete em frente ao santuário.
Várias semanas antes do ataque, um e-mail tinha sido enviado ao pastor da igreja. "É nosso dever islâmico ver você morto. O local que você chama de igreja será demolido em cima de sua cabeça".
Na semana seguinte, a Embaixada Americana em Ancara emitiu um alerta em relação ao ataque, classificando como "vandalismo ocorrendo durante um período de aumento nas atenções voltadas pela mídia aos missionários".
Em um outro release, o grupo de direitos humanos Mazlumder condenou a "violência aberta contra a liberdade religiosa" demonstrada pelo ataque feito à igreja em Ancara, convocando as autoridades governamentais para esclarecer a opinião pública quanto ao caso.
No mês passado, vários atos de vandalismo foram registrados contra a Casa Ágape, congregação evangélica da cidade de Samsum, no Mar Negro. Os ataques incluíram janelas quebradas, bem como inúmeros incidentes, quando ovos foram atirados ao prédio da igreja.
De acordo com Orhan Bicakcilar, o pastor dessa congregação que mora na igreja, o ataque mais violento ocorreu no dia 28 de novembro do ano passado, quando várias pedras foram atiradas em direção ao prédio da igreja. Esse incidente veio logo depois que o prefeito afirmou sua intenção em nunca permitir uma igreja no local.
Um cristão que mora em Istambul, no bairro de Maltepe, disse ao Compass que já recebera duas ameaças para que parasse com suas reuniões em sua casa. Na carta mais recente, dizia: "esse é um país muçulmano", e ele foi intimado a deixar o país. Se ele amasse sua família, avisava a carta, deveria se estabelecer em um país cristão.
"Eu não sei até que ponto essa ameaça é verdadeira ou não", admitiu ele. "Não tenho medo das reações das pessoas, mas sim das ameaças contra a minha família". Ele ainda afirmou que nunca deu queixa desses incidentes, pois seu irmão foi informado pela polícia de que as autoridades estavam secretamente vigiando seu grupo.
Ataque que coloca a vida em risco
Talvez a ameaça mais pesada contra a comunidade evangélica tenha ocorrido em Gaziantep, a segunda maior cidade do sudeste turco.
No início de novembro do ano passado, três jovens, "buscando a verdade espiritual" foram ao escritório de Wilbur Miller, em Gaziantep, armados com facas e revólveres. O americano Miller e sua família faziam parte de uma congregação turca expatriada que se reunia desde 1999.
Após jogá-lo no chão, Miller teve seus olhos vendados, alegando receber ordens vindas da Al-Qaeda.
Depois de uma hora e meia, período em que eles saquearam seu escritório, os extremistas finalmente disseram à Miller que poupariam sua vida caso ele e sua família deixassem o país imediatamente. Embora o incidente tenha sido investigado pela polícia local e pela Embaixada Americana, e, Miller, posteriormente, identificara dois dos três extremistas, não está claro se estes três foram acusados de algum crime contra Miller.
"Tenho certeza que não se trata da Al-Qaeda, mas de um grupo local que se sente desconfortável com a presença da igreja e de missionários estrangeiros por aqui".
No mês passado, a congregação de Gaziantep foi novamente alvo de dois incidentes. Um, na noite do dia nove de abril, em que duas pessoas desconhecidas invadiram uma reunião da igreja, usando som de bombas para tentar arrombar a porta da frente. A polícia descreveu o estrondo ao equivalente a cento e cinqüenta rojões.
"Vários policiais cercaram o quarteirão para ver se havia outro explosivo ou alguma pista por perto do prédio da igreja", disse um membro da congregação. Um cartão impresso foi encontrado com os dizeres "Protetores da Terra Mãe", com nomes assinados de dois membros da igreja.
No dia 20 de abril, uma bomba semelhante ao do incidente anterior foi deixada em frente à casa de um dos cristãos turcos da congregação. Explodiu por volta das 22:30 horas, e foi ouvida por toda a vizinhança.
Nenhum dos ataques contra evangélicos recebeu cobertura da imprensa nacional, em parte pelo fato de cristãos locais admitirem que relutam em ser identificados e logo em seguida serem perseguidos.
"Mas se não há reação a esses incidentes, eles simplesmente irão continuar", disse um porta-voz de imprensa da APC Isa Karatas ao Compass. "É necessário apurar isso como um assunto muito sério", acrescentou, já que os oficiais podem facilmente identificar os vândalos.
A minúscula comunidade evangélica na Turquia compreende cerca de três mil e quinhentas pessoas, reunindo-se em cinqüenta e cinco locais, junto com outras quarenta casas residenciais que abrigam reuniões de oração.
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