A intolerância religiosa contra os evangélicos no México tem aumentado, com registros de novos casos de perseguição no estado de Chiapas e registros de mais violência vindos dos estados centrais de Hidalgo e Tlaxcala e sul de Oaxaca.
No Estado de Chiapas, onde a perseguição data de quatro décadas, dois novos casos de perseguição surgiram no município de San Juan Chamula. Um nativo chamula da localidade de Los Ranchos, Miguel Hernandez Lopez, ficou preso entre os dias 7 e 9 de novembro e pagou uma multa de 5.000 pesos mexicanos (aproximadamente 500 dólares) pelo que o juiz indígena de conciliação Mariano Hernández chamou de "crime" por trocar de religião para o cristianismo evangélico. As autoridades locais também cortaram o fornecimento de água e eletricidade de Miguel.
Miguel Hernandez pagou todo o dinheiro que pôde, mas as autoridades disseram que ele seria expulso da comunidade, juntamente com sua família, caso não pagasse o total até 27 de novembro. As autoridades locais foram avisadas pelo Estado de que não poderiam cobrar uma multa tão alta de Miguel ou expulsá-lo da localidade só por ser um evangélico. A questão ainda está pendente.
Ainda este mês, em uma área rural de San Juan Chamula chamada Arvenza I, um cristão identificado apenas como Miguel, chefe de família local, foi preso por mais de dois dias e multado em 5.000 pesos mexicanos porque não quis contribuir financeiramente com um festival católico. De acordo com o advogado Abdias Tovilla Jaime, o homem foi libertado apenas depois que os advogados apelaram para as autoridades da capital regional de San Cristobal de las Casas.
No Estado de Hidalgo, onde cerca de 40 famílias pentecostais da aldeia de San Nicolas, próxima a Ixmiquilpan, foram ameaçadas de expulsão no final de outubro, as negociações continuam. Líderes evangélicos da capital do Estado, Pachuca, têm tentado pressionar o governo a agir para resolver o problema, e, por duas vezes no mês passado, centenas de evangélicos manifestaram-se, insistindo em uma solução. Mas os católicos tradicionalistasde San Nicolas insistem que, qualquer noite, quando as autoridades estiverem ocupadas em outro lugar, eles irão cumprir suas ameaças.
Em Arenal, no Estado de Hidalgo, autoridades da cidade decidiram condenar o pastor batista Oscar Agustín Veluete Velásquez e sua igreja a pagar 167.000 pesos (aproximadamente 16 mil dólares) para compensar pelo que os membros da igreja se recusaram a contribuir com os festivais católicos nos últimos 4 anos. Se os batistas não pagarem, os oficiais ameaçam expulsá-los de Arenal. Uma fonte local declarou que não há como os batistas pagarem a quantia a que foram condenados.
Em Remédios, no Estado de Hidalgo, o pastor pentecostal Pedro Blancas descobriu recentemente que os tradicionalistas católicos estão exigindo que os evangélicos paguem uma taxa referente a cada encontro que realizam. Eles também estão sendo ameaçados de expulsão caso se recusem a pagar.
Nas imediações do Estado de Tlaxcala, problemas similares têm vindo à tona. Quando um grupo pentecostal em La Trinidad planejou um encontro evangelístico no começo de novembro, uma multidão de cerca de 300 tradicionalistas apareceram com latas de gasolina na hora e no local agendados para o encontro. Ameaçando queimar os evangélicos vivos e estuprar as mulheres, eles conseguiram esvaziar o evento.
Quatro famílias cristãs evangélicas vivem atualmente na cidade de La Trinidad. Um padre católico ordenou uma marcha, no dia 15 de novembro, para exigir a expulsão dessas famílias "hereges".
A perseguição de evangélicos tem se espalhado também pelo sul do Estado de Oaxaca. Na cidade de Santo Domingo Albarradas, distrito de Tlacolula, a Igreja Evangélica Nuevo Pacto foi estabelecida cerca de trinta anos atrás, como parte do movimento pentecostal conhecido como El Divino Redentor, que tem nove igrejas em Oaxaca. Tradicionalistas decidiram livrar-se dos evangélicos no começo deste ano, e em agosto, vários crentes foram presos por mais de 48 horas, mas foram libertados depois que as autoridades acharam que eles não tinham feito nada errado.
Duas famílias evangélicas foram expulsas da cidade em 11 de setembro de 2004. Os tradicionalistas retiveram o gado da família e colheram a plantação das propriedades dos evangélicos. Eles expulsaram mais famílias uma semana depois e agrediram cada evangélico da cidade. Outro crente de Santo Domingo Albarradas foi preso em outubro,depois, ele e sua família tiveram de sair fugidos da cidade.
Em janeiro, líderes locais atacaram a casa do tesoureiro da cidade, Mauro Diaz, também fazendo com que ele e sua família fugissem. Em março, os tradicionalistas destruíram uma igreja evangélica, queimando os bancos e o equipamento de som, e, ao mesmo tempo, destruindo 18 casas de evangélicos. Cerca de 90 evangélicos ainda vivem em Santo Domingo Albarradas e estão sob ameaça de expulsão.
Muitas autoridades governamentais disseram que, por causa das leis de que protegem práticas indígenas, eles não podem intervir no conflito - sem levar em consideração se os evangélicos têm ficado sem suas casas, terras, gado e plantações.
Apesar dos tradicionalistas referirem-se a si mesmo como "católicos", suas práticas religiosas são mais parecidas com as práticas animistas de seus ancestrais maias do que com o catolicismo romano seguido pela maioria dos mexicanos.
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