Garota, que tem 12 anos, confirmou ter sofrido agressões quando morou com empresária.
Ela prestou depoimento nesta quarta-feira no fórum de Goiânia.
“Eu rezava todos os dias, pedindo a Deus para me livrar daquilo”. Essa foi uma das frases que uma menina de 12 anos disse ao juiz José Carlos Duarte, da 7ª Vara Criminal de Goiânia, ao contar como sofria devido à tortura, aos maus-tratos e também como era a vida em cárcere privado.
Segundo a polícia, ela foi encontrada amordaçada e amarrada em março, em um prédio da capital de Goiás. A dona do apartamento, a empresária Sílvia Calabresi Lima, foi presa. Em depoimento nesta quarta-feira (23), a garota confirmou as denúncias contra a empresária, com quem morava desde 2006.
A mãe da menina, Joana D'Arc da Silva, acusada de tê-la entregue a terceiros em troca de dinheiro, e a doméstica Vanice Maria Novaes, também acusada de maus-tratos, acompanharam a audiência. O Ministério Público (MP) arrolou 13 testemunhas.
A empresária recebeu autorização do juiz para não comparecer à audiência. Também estavam ausentes Marco Antônio Calabresi, marido de Sílvia; e Thiago Calabresi, filho da empresária; acusados de omissão.
Segundo informações do Tribunal de Justiça (TJ) de Goiás, a menina reafirmou as agressões e maus-tratos sofridos e disse que passou a morar com Sílvia por vontade própria, tendo começado a sofrer agressões três meses depois, no dia em que quebrou uma porta de vidro do apartamento da família.
Vassouradas
A partir de então, segundo disse durante o depoimento, os castigos passaram a ser freqüentes. Segundo o TJ, a garota teria dito que “uma vez ela (Sílvia) me deu uma surra com cinto de fivela até o cinto ser destruído. Depois ela me deu pancadas com rodo e umas 60 vassouradas”.
Ainda de acordo com o TJ, a menina relatou que ficou muito machucada e teve de ser levada ao médico, sendo instruída a dizer que havia caído de uma escada. Ela ainda teria sofrido ameaças para não contar a verdade.
Segundo o TJ, a menina disse no depoimento que as agressões já existiam antes de Vanice Novaes passar a trabalhar na casa. Quando ela foi contratada, Sílvia a incumbiu de vigiar a menina. “Muitas vezes ela ligava para casa e perguntava para a doméstica se eu estava de castigo.”
Pedido de liberdade
Em 10 de abril, a empresária foi interrogada pela Justiça. Segundo informações do TJ, ao juiz, Sílvia assumiu parte da responsabilidade pelo crime, sustentando que era bastante “enérgica” com a menina de 12 anos. Ela disse acreditar que estava educando e não torturando.
Os advogados da empresária protocolaram um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça, na terça-feira (22). O argumento apresentado é o de que a denúncia não descreve os fatos com todas as suas circunstâncias.
No pedido, os advogados da empresária sustentam que ela também tem direito ao exame de sanidade mental, uma vez que sua conduta e seu modo de agir é “anormal”, alterando-se entre o “rancor” e o “carinho”.
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