A pesquisa de orçamentos familiares que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 29/8 abordou, entre outras, a relação entre a escolha religiosa e os tipos de despesas e renda do brasileiro. Segundo o instituto, “o maior rendimento médio mensal familiar foi registrado quando a pessoa de referência era espírita (R$ 3.796,00), enquanto nas pertencentes à evangélica pentecostal era o menor (R$ 1.271,00). Entre católicos apostólicos romanos, o rendimento correspondia a R$ 1.790,56. As maiores e menores despesas seguiram este mesmo padrão, com espíritas apresentando gasto de R$ 3.617,28 e evangélicos pentecostais, R$ 1.301,35. Católicos gastaram cerca de R$ 1.769,32”.
“O estudo concluiu que famílias em que a pessoa de referência pertencia às religiões evangélicas apresentaram os maiores percentuais, dentro do grupo outras despesas correntes. Os gastos neste grupo, como pensões, mesadas e doações – que incluem, entre outros itens, dízimo e outras contribuições às igrejas – foram os mais elevados, variando entre 21,4% (R$ 22,79) a 34% (R$ 59, 16)”.
Além da religião, o estudo traça um perfil das despesas e rendimento segundo características da pessoa de referência, tais como inserção no mercado de trabalho, escolaridade, idade, sexo, cor e raça. Os dados referem-se ao período de 2002 a 2003 e faz uma perfil das despesas do brasileiro.
O estudo constatou também a “distribuição irregular da riqueza no país”: “os 10% mais ricos gastam dez vezes mais que os 40% mais pobres”. Outra conclusão foi que “a base de despesas declaradas das famílias brasileiras está estruturada em morar, comer e locomover-se, independentemente do número de pessoas que compõem a família e das características do responsável pelo domicílio”.
De acordo com a Pesquisa, o setor de habitação respondeu por 35,5% do gasto total das 48,5 milhões das famílias, seguido de alimentação (20,75%), transporte (18,44%), assistência à saúde (6,49%) e educação (4,08%). Quando analisada a escolaridade, “famílias onde os responsáveis tinham 11 ou mais anos de estudo tinham renda mais elevada (R$ 3.796,00). Nas com menos de um ano de instrução, ela foi aproximadamente cinco vezes menor (R$ 752,00). As famílias das áreas urbanas gastaram mais do que as rurais, o que ocorreu para todas as características investigadas”.
Sobre alimentação, os números “indicam que pessoas que moram sozinhas tendem a adquirir mais alimentos do que o necessário. Isso provavelmente provoca perdas, por exemplo, no caso de produtos com vida mais curta, impondo novas aquisições para reposição com maior rapidez do que em outros arranjos familiares. Nas demais famílias, isso ocorre com menor freqüência, pois o consumo tende a ser mais rápido. Entre as 48,5 milhões de famílias estimadas pela pesquisa, para 25,4 milhões a aquisição domiciliar per capita de alimentos foi considerada sempre suficiente, enquanto em 15,6 milhões foi vista como às vezes insuficiente e, para 6,6 milhões, normalmente insuficiente. Os alimentos mais citados como insuficientes foram as hortaliças. Já nos que afirmaram estar sempre satisfeitos, o item laticínios teve destaque, seguido de bebidas e infusões”.
Quando a característica analisada é o sexo da pessoa de referência, a conclusão foi: “famílias com homens como pessoa de referência obtiveram um rendimento mensal 21% maior do que aquelas com mulheres na condição de responsáveis. Nas despesas com alimentação, transporte, recreação, cultura e fumo, o sexo masculino como referência da família superou o feminino em todas as regiões. Em relação à despesa total média mensal, as famílias com pessoas de referência homens também superaram as com mulheres. Em transporte e alimentação, por exemplo, a Região Sudeste apresentou as maiores variações, com diferenças de 65,65% e 26,83%, respectivamente. Em recreação e cultura, a maior disparidade entre os sexos ficou no Norte (19,09%), e em relação ao fumo, esta variação chegou a 20,02%. O inverso ocorreu com “higiene e cuidados pessoais”, item no qual os gastos dos chefes de família mulheres foi maior do que o dos homens”.
“Os gastos com assistência à saúde mantiveram-se entre 4% e 6% no total das despesas das famílias, demonstrando que as decisões sobre esse grupo não tiveram lugar destacado. Os medicamentos comprometeram 76% dos gastos com saúde nas famílias mais pobres (até R$ 400,00). Nas famílias mais ricas (acima de R$ 3 mil), este percentual foi de aproximadamente 23,7%. Em contrapartida, as despesas com planos ou seguros de saúde entre as famílias mais pobres representaram 7%, subindo com a renda das famílias até chegar a 37,19% nas com rendimento acima de R$ 6.000,00. Em todas as regiões do país, a aquisição de medicamentos foi feita, majoritariamente, com pagamento à vista. Na região Nordeste, pode-se destacar os valores de quase 13% de aquisição gratuita através do sistema público e 4,6% de medicamentos doados.”
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