Dois anos se passaram desde que as planícies de Nínive foram invadidas pelos soldados do Estado Islâmico, e milhares de cristãos tiveram que fugir da cidade. As forças iraquianas pretendem retomar várias regiões, entre elas Mossul, e a igreja permanece em oração para que isso aconteça em breve. No último fim de semana (dias 6 e 7 de agosto) os cristãos deslocados organizaram uma reunião especial para relembrar o "Dia Negro", ocasião em que deixaram tudo para trás, suas comunidades, suas casas e todos os seus pertences.
Mesmo que Nínive seja resgatada, nunca mais será a mesma. As marcas de destruição deixadas pelos extremistas islâmicos são imensuráveis. Boa parte da arquitetura não existe mais e isso é uma grande perda até mesmo para os historiadores, que consideravam a cidade como um dos maiores sítios arqueológicos do Oriente, com seus mais de 750 hectares. Uma parte da Universidade de Mossul também foi queimada, em dezembro de 2014. Em fevereiro de 2015, a biblioteca central de Mossul, construída em 1921, foi explodida com milhares de manuscritos e instrumentos usados por cientistas árabes. Nínive foi grande em todos os sentidos, hoje, porém, não abriga mais os que viviam nela.
Os ninivitas não imaginaram que o tempo de deslocamento seria tão longo. Esse período atual tem sido de grande reflexão para eles. Em vários campos de refugiados houve diversos eventos, discursos emocionados e apresentações que fizeram derramar muitas lágrimas. Mas eles explicaram que todos esses memoriais serviram de esperança nesses tempos difíceis que estão enfrentando. No campo de Karamles, que fica ao Norte do Iraque, muitas cruzes foram espalhadas em meio à multidão e muitas canções foram ouvidas como se fossem orações. "A fé nos liberta, nós estamos tristes, mas não desesperados. Deus está aqui com o nosso povo, o tempo todo e Ele tem nos protegido da violência e está nos mantendo aqui durante um tempo", disse Martin*, um líder cristão perseguido.
A fé nos acompanha em todos os lugares
Durante os eventos, houve também refeições entre as famílias, e eles puderam compartilhar, uns com os outros, o que Deus tem feito por eles durante esses dois anos. "Mesmo não estando em nossas casas, podemos viver a nossa fé nesse lugar e continuar sendo uma comunidade de amor e de paz", afirmou Martin. "É claro que queremos voltar, destravar nossas portas e começar a reconstruir o que derrubaram. Mas antes disso, Jesus nos alerta para o perdão. Não vamos esquecer o que fizeram, mas vamos perdoar e orar por eles", disse o líder.
Para reforçar este pensamento de Martin, os aldeões iniciaram uma campanha. Em cada barraca há uma placa dizendo "Liberte Mossul". Outros cristãos espalharam o slogan pela cidade e pediram para fechar lojas e restaurantes, durante uma hora, e então eles caminham pelas ruas com velas, a fim de chamar a atenção de todos para essa campanha. "Isso tem nos ajudado a não parar de lutar. Não queremos ficar sentados e tristes, mas queremos começar a reconstrução aqui mesmo onde estamos. Temos que aceitar a vontade de Deus e mostrar para a sociedade de onde vem a nossa esperança.
No início das orações, eles começam lendo o salmo 40. "Coloquei toda minha esperança no Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito de socorro. Ele me tirou de um poço de destruição, de um atoleiro de lama; pôs os meus pés sobre uma rocha e firmou-me num local seguro. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Muitos verão isso e temerão, e confiarão no Senhor". (Salmos 40:1-3). Você também pode se juntar aos nossos irmãos iraquianos e orar com eles. Para saber mais, visite: https://doe.portasabertas.org.br/.
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