A revista eletrônica Dabiq, publicada pelo Estado Islâmico (EI) para recrutar combatentes de todo o mundo, chega à sua quarta edição. Publicada em vários idiomas, vem se mostrando uma ferramenta útil para atrair ao conflito mais de 12 mil voluntários muçulmanos, de 74 nacionalidades diferentes. Não por acaso, a última de suas 12 páginas traz uma convocação aos simpatizantes de sua causa no mundo todo, para atacar os ocidentais “onde quer que eles possam ser encontrados”.
No artigo “O regresso da escravidão antes da hora”, além de confirmar a escravização de milhares de mulheres e crianças yazidis, justifica essa atitude em relação à minoria curda, afirmando: “foram divididos entre os combatentes do Estado Islâmico conforme a sharia”.
Ao falar sobre a sua “vitória final”, os jihadistas dão um alerta aos “romanos”, termo genérico usado por eles para denominar a Civilização Ocidental. Explicam que sabem que chegarão a uma trégua quando se defrontarem com um inimigo comum, mas que o Ocidente romperá o acordo, assassinando um muçulmano. Segundo a visão islâmica, esse fato iniciará uma batalha, quando surgirá o messias islâmico (Mahdi), e conquistará de vez Constantinopla e Roma.
Desde que anunciou a soberania de seu califado, conquistando territórios no Iraque e na Síria, resgatou o conceito de uma guerra religiosa nos moldes dos embates medievais entre muçulmanos e cristãos. Ao escolherem Roma como símbolo do cristianismo mundial, deixam claro que este é seu inimigo número um.
A reportagem principal fala sobre o conflito final, mas trás o alerta: “Se não chegarmos a esse tempo, então nossos filhos e netos irão alcançá-lo, e eles venderão seus filhos como escravos no mercado de escravos”.
Desde seu surgimento (ainda com o nome de ISIS) o exército jihadista executou milhares de cristãos no Iraque e na Síria. “Em todo o Oriente Médio, nos últimos 10 anos, em média 100 mil cristãos foram assassinados a cada ano. Ou seja, a cada cinco minutos um cristão é assassinado por causa de sua fé”. Esse foi o argumento chocante apresentado pelo líder cristão Gabriel Nadaf ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em setembro.
Estima-se que 12 milhões de cristãos viviam no Oriente Médio. A ascensão do Estado Islâmico nos últimos três anos gerou uma nova onda de perseguição contra a comunidade cristã em diferentes países, incluindo Egito, Iraque, Líbia, Irã e Síria. Também teve reflexos na África, onde grupos jihadistas também declararam seus califados e intensificaram os ataques contra cristãos.
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