A família dos cristãos Alimjan Yimit e Osman Imin, presos na China, receberam centenas de cartas, cartões e desenhos vindos do mundo todo.
Gulnur (ou Guli Nuer), esposa de Alimjan não conseguiu conter as lágrimas ao abrir o pesado pacote de cartas.
Agora, ela escreve uma carta para agradecer as orações de seus irmãos e todo o mundo e pedir que eles continuem intercedendo por ela e por seu marido. Leia:
18 de janeiro de 2010.
Queridos irmãos,
Saudações! Sou Gülnur, esposa de Alimjan Yimit.
Alimjan, pela graça soberana de Deus, conheceu o Senhor e recebeu Jesus como seu salvador em 1995. Ele se tornou um dos poucos cristãos entre os 12 milhões de uigures muçulmanos que povoam Xinjiang.
Em setembro de 2007, o ministério de Assuntos Étnicos e Religiosos da cidade de Kashgar emitiu uma nota acusando Alimjan de propagar o cristianismo na região. Em 11 de janeiro de 2008, ele foi preso pelo comitê de segurança pública de Kashgar.
Alim ainda está preso, e o caso dele ficou suspenso por quase dois anos. Até que em 25 de novembro passado, o tribunal intermediário de Kashgar sentenciou duramente meu marido a 15 anos de prisão e 5 anos de privação de seus direitos políticos.
Sinto-me bastante tocada pelos irmãos que, depois da prisão de Alimjan, começaram a interceder por nós em oração. Obrigada muito mesmo por essa sincera oração em favor de Alimn e de nossa família ao longo desses dois anos. É isso que tem nos sustentado e nos capacitado a prosseguir.
Durante esses dois anos, temos sofrido muito. Até dezembro de 2009, nossos corações estavam despedaçados, e estávamos à beira de um ataque de nervos. Muitas vezes, nesse período, me senti desamparada, fraca, a ponto de não conseguir me levantar do chão. O Senhor, entretanto, me falou por meio de Romanos 5.2-5:
"Por meio de nosso Senhor Jesus Cristo obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu."
Creio que é ao ouvir as orações dos irmãos que Deus tem me dado alento e fé, permitindo-me continuar a confiar nele, e fazendo-me mais resoluta e corajosa.
Em dez anos de conversão, nunca passamos por uma situação como essa, mas também temos aprendido lições em meio a isso.
Embora eu saiba, desde que conheci Jesus, que "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16.24) e “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mt 7.13-14); embora saiba disso tudo, sempre me senti, posso dizer, cegada por uma vida de felicidade, harmonia e amor na presença do Senhor.
Depois que essas coisas aconteceram, não foi só uma vez que, em lágrima, clamei ao Senhor: “O Senhor não é o que mais se agrada desse tipo de família? Por que quer nos separar? Dois anos já não foram o bastante, o Senhor quer acrescentar mais 13?".
Toda noite, ouço meu filho mais velho orar assim: "Senhor Jesus, você disse que se duas ou três pessoas se reunirem em oração, você responderia. Mas há tantas pessoas orando pelo papai e ele ainda não voltou". Ele também me disse: "Quando isso aconteceu ao papai, eu estava de férias. As férias estão quase chegando de novo. Como ele não pode voltar? Já passou muito tempo".
Quando meu marido foi levado, meu filho mais novo tinha só um ano e cinco meses. Ele havia acabado de aprender a falar "papai". Agora ele já fala direitinho, tanto uigur como chinês, mas quando ele diz “papai”, não tem ninguém que possa atendê-lo.
O caso de Alim já está em uma fase em que dá para entrar com recurso. Esse próximo julgamento vai dar o veredicto final.
É com o coração cheio de expectativa que meus filhos e eu passamos esses últimos dois anos. Tenho visto os dois se agarrarem à esperança de que, a qualquer hora, o papai deles vai voltar para casa. Como mãe, não quero ver seus rostinhos desapontados de novo.
Queridos irmãos, espero que vocês, mais uma vez, façam as mais fervorosas orações por Alim e por nossa família, e peçam a Deus para mudar nossa condição atual.
Por fim, minha esperança é que todos os irmãos que lerem essa carta façam o que lhes for possível para divulgá-la a outras pessoas, a fim de que mais gente ore por nós. No momento, gostaria de agradecer a todos que têm acompanhado esse caso desde o começo e orado por nós.
A todos que sinceramente amam nosso Senhor Jesus Cristo,
Que a graça esteja com vocês,
Gülnur
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