Acusado de perturbação da ordem
Um funcionário da aldeia acusou Kirtey de incitar a "desordem pública", porque ele exibiu um filme cristão e, com isso, teria "forçado" as pessoas a acreditarem em outra religião. "Eu estava hospedado na casa de um parente, quando a polícia me prendeu", disse Kirtey, que tem 40 anos de idade. "Eles me perguntaram a qual igreja pertencia. Eu não queria colocar meus amigos em perigo, então eu disse a eles que eu adorava na minha própria casa. A polícia foi até lá para procurar materiais cristãos, mas eles não puderam [entrar], porque a casa estava trancada."
As notícias da detenção de Kirtey chegaram ao seu pastor. "Ele veio me ver uma única vez", disse o cristão. "Os guardas deram apenas 20 minutos para visitas. Os meus líderes da igreja me garantiram que iriam fazer tudo para me ajudar, inclusive pagar a fiança, se possível".
Mas isso nunca aconteceu. Depois de cinco meses sob custódia da polícia, o juiz voltou com o veredito. Kirtey foi condenado a três anos de prisão. Imediatamente, pensou em sua família, que vivia muito longe de onde ele foi encarcerado. Sua esposa Jamyang* o visitava uma vez por semana, o que, mais tarde, tornou-se duas vezes por mês, para economizar custos.
Desespero na prisão
"Foi muito difícil para a minha esposa esse tempo", lembrou Kirtey, que vivia em um país predominantemente budista. "Mas, de alguma forma, ela encontrou coragem. Amigos da igreja também a incentivaram e disseram que Deus estava comigo o tempo todo na prisão."
Jamyang teve a chance de assistir ao seminário da Portas Abertas Permanecendo Firme Através da Tempestade, um treinamento para a perseguição que dá aos cristãos uma perspectiva bíblica sobre a perseguição e exemplos bíblicos sobre como responder a isso.
Nesse meio tempo, Kirtey desesperava-se na prisão. "Lembrei-me da imagem do abismo no livro do Apocalipse", compartilhou ele. "Eu me senti abandonado neste abismo escuro. Às vezes eu também me sentia como Jonas, quando ele esteve dentro da barriga do peixe por três dias e três noites".
Um sonho bastante real
"Mas, chegou um momento em que eu senti o que a Bíblia descreve em 1 Pedro, Kirtey continuou. "Fala sobre como mil dias podem ser sentidos como um dia. Eu senti esses três anos [na prisão] como um dia, e eu acredito que foi porque muitos irmãos, ao redor do mundo, oraram por mim. "
Na prisão, Kirtey poderia ter se ocupado em jogar, assistir televisão e ficar ocioso. Em vez disso, ele passou a maior parte de seu tempo em oração. Ele também estava determinado a ser semelhante a Cristo em sua vida. Ele foi cuidadoso em seu comportamento e discurso. "Ele não disse um único palavrão", disseram seus companheiros ao expressarem sua visão sobre o cristão.
"Eu não tinha outra maneira de compartilhar a minha fé", explicou Kirtey. "Eu só poderia pregar sobre Cristo através da minha vida. Eu queria que meus companheiros de prisão conhecessem Jesus Cristo. Ele viveu conosco dentro do campo de prisioneiros. Ao viver como Cristo, cinco prisioneiros perguntaram sobre a minha fé e, eventualmente, tornaram-se cristãos".
Os viciados em drogas, assassinos e ladrões eram a maioria entre os 80 prisioneiros, colegas de Kirtey. Seu forte desejo de alcançá-los começou quando ele ouviu as palavras de Lucas 4.18 em um sonho certa noite:
O Espírito de Deus está sobre mim;
Ele me escolheu para pregar a mensagem de boas novas para os pobres,
Enviou-me para anunciar o perdão aos presos...
"Eu acordei com tanta paz e segurança no meu coração", disse ele. "Deus estava comigo. Eu escrevi o versículo e depois o mostrei para os prisioneiros que tinham escolhido seguir a Cristo. Fiz dessa forma porque não tenho uma Bíblia. Um deles queria desesperadamente um exemplar, então eu prometi que conseguiria um Novo Testamento para ele quando eu saísse da cadeia. "
*Os nomes e outros detalhes foram modificados para a proteção dos cristãos.
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