As escolas públicas na Alemanha vão passar a ter aulas de religião islâmica em alemão, decidiram, em Berlim, representantes do governo e da comunidade imigrante muçulmana, na terceira ronda da chamada Conferência Islâmica que aconteceu durante a semana passada.
O ministro do Interior alemão, Wolfgang Schaeuble, que convocou a referida conferência em 2006, para dinamizar o diálogo entre civilizações, disse à imprensa que os debates versaram o tema da integração dos imigrantes, "e foram em parte muito controversos".
"Para que as escolas alemãs passem a ter a disciplina de Religião Islâmica, será ainda necessário que os 16 Estados federados tenham parceiros adequados entre a comunidade muçulmana", anunciou Schaeuble.
Conferência Islâmica
Após um debate de quatro horas na Conferência Islâmica na última quinta-feira, o ministro democrata-cristão admitiu também que "nem todos" os Estados federados estão dispostos a introduzir a religião islâmica nós estabelecimentos de ensino.
Num balanço intermédio após ano e meio de reuniões, os 30 membros da Conferência Islâmica - 15 representantes do Estado alemão e outros tantos da comunidade muçulmana - voltaram a sublinhar a importância de os muçulmanos residentes na Alemanha acatarem as leis e a Constituição do país de acolhimento.
"Isto significa que homem e mulher são iguais perante a lei e perante Deus", afirmou o porta-voz do Conselho Coordenador dos Muçulmanos, Bekir Alboga.
Schäuble aproveitou também a ocasião para refutar críticas de alguns dirigentes políticos à Conferência Islâmica, garantindo que este processo de diálogo "não fracassou e não tem alternativa válida".
Antes do início dos trabalhos, o ministro admitira, porém, que entre os imigrantes muçulmanos na Alemanha e a maioria da sociedade "continua a haver "dificuldades de entendimento".
Existem 3,3 milhões de muçulmanos na Alemanha
Para melhorar a compreensão mútua, Schaeuble apelou a "uma cultura de saber ouvir".
O político da CDU constatou, simultaneamente, que a abertura das associações muçulmanas à grande maioria dos imigrantes muçulmanos na Alemanha "ainda está nos primórdios".
Segundo dados do governo federal, estas associações representam apenas um quinto dos 3,3 milhões de muçulmanos residentes na Alemanha.
A Igreja Protestante na Alemanha já anunciou o seu apoio à introdução nas escolas de aulas de religião islâmica em alemão.
Em declarações ao jornal "Bild", o bispo protestante Wolfgang Huber lembrou, todavia, que tal disciplina só pode ser leccionada sob a tutela do Estado, segundo as leis em vigor.
Só em alemão
Huber disse ainda que as aulas deverão ser só em alemão e ministradas por professores que tenham sido formados na Alemanha.
"Até lá, no entanto, ainda há alguns obstáculos a ultrapassar", advertiu o prelado.
Na terceira reunião da Conferência Islâmica foi também decidido apoiar a construção de mesquitas e criar condições a nível nacional para a realização de funerais muçulmanos.
Além disso, para melhorar a coordenação entre as autoridades policiais e os imigrantes muçulmanos, será criada uma comissão coordenadora junto da Agência Federal das Migrações e dos Refugiados.
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