A edição desta semana da revista Veja publicou como matéria de capa a história de uma advogada evangélica que, através da influência do pai, que é pastor, aproximou pastores evangélicos de lideranças políticas em Brasília.
Segundo a reportagem da revista, Christiane Araújo de Oliveira passou a trabalhar no governo do Distrito Federal a convite do delegado aposentado Durval Barbosa, que mais tarde ficou conhecido por fazer parte do esquema de propinas que levou o governador do DF, José Roberto Arruda, à cadeia.
Christiane teria relatado em oito horas de gravações em áudio e vídeo que mantinha relações íntimas com políticos e pessoas de grande influência na República para obter favores e facilitações para a quadrilha chefiada por Durval Barbosa. Nas gravações, Christiane relata um relacionamento com o ministro do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, quando ele ocupava cargo de advogado-geral da União no governo Lula.
Segundo a advogada evangélica, os encontros aconteciam em um apartamento onde eram armazenadas caixas de dinheiro usado por Durval para comprar políticos. Ela afirma ter entregado ao amante, em um desses encontros, a pedido de Durval, uma gravação em que ele aparecia efetuando pagamentos para políticos . A intenção era mostrar seu poder de barganha à liderança do PT. Toffoli negou ter recebido de Christiane as tais gravações: “Nunca recebi da Dra. Christiane Araújo fitas gravadas relativas ao escândalo ocorrido no governo do Distrito Federal” e afirmou que nunca havia ido ao apartamento mencionado por ela.
O ministro Gilberto Carvalho também é citado por Christiane nas gravações, dizendo que mantém amizade íntima com o secretário geral da presidência da República e que, quando ele era chefe de gabinete do governo Lula, ela teria pedido a ele que interferisse a favor do procurador Leonardo Bandarra, para que ele fosse nomeado Chefe do Ministério Público do Distrito Federal. O pedido, foi atendido, porém atualmente Bandarra está exonerado por ter sido mencionado nos processos que envolviam a máfia brasiliense e responde a cinco processos que estão correndo na Justiça. “Eu não estava nesse circuito do submundo. Estou impressionado com a criatividade dessa moça”, declarou Gilberto Carvalho à reportagem.
O envolvimento do pai de Christiane, o pastor Elói Freire de Oliveira, fundador da igreja “Tabernáculo do Deus Vivo”, em Maceió, aparece na campanha da então candidata a presidente, Dilma Rousseff. Christiane trabalhou no Comitê Central de Dilma, como encarregada de intermediar as conversas com as igrejas evangélicas.
Elói é chamado pelos políticos de Brasília como “profeta” e circula entre as principais figuras políticas do DF. A história de envolvimento de Elói começou com os convites para pregar em outras igrejas, e quando conheceu o pastor André Salles, responsável pela Igreja Evangélica Bíblica da Graça, foi apresentado a Gilberto Carvalho, ao ex-presidente Fernando Collor, ao ex-ministro Adir Jatene, ao governador de Alagoas, a Teotônio Vilela e a ex-ministra Marina Silva.
Com esses contatos, fez fama e facilitou a carreira da filha, que estava, nessa época, estudando direito e morando só em Brasília. Chegou a cobrar R$ 2 mil de cachê para pregar em uma igreja. Atualmente, Elói está afastado dos púlpitos por problemas de fígado, e os cultos da igreja Tabernáculo tem estado vazios, por causa de um suposto adultério cometido pelo pastor. Sua esposa, Maria de Fátima, chegou a se separar dele por alguns meses, e atualmente, coordena um grupo de oração em sua casa, às quartas-feiras.
Sua filha, Christiane, após ter trabalho no Comitê Central de Dilma, foi convidada para integrar a equipe de transição de governo, porém, foi demitida quando seu envolvimento com a máfia das sanguessugas foi descoberto pela equipe da presidente eleita. Segundo o procurador que colheu um dos depoimentos de Christiane, o material foi enviado à Polícia Federal para ser anexado às investigações da Operação Caixa de Pandora, e um segundo depoimento foi tomado pela própria PF, porém nenhuma das revelações de Christiane foi incluída de forma oficial no relatório das investigações.
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